Consultório Financeiro

A diferença entre poupar e investir

Li que poupar é a parte mais importante de investir. Não entendi direito, não é a mesma coisa?

Annalisa Blando Dal Zotto, CFP:

Prezado Leitor, em poucas palavras e em se tratando de finanças, poupar é gastar menos do que se ganha e investir é buscar rentabilizar os recursos poupados, é ganhar dinheiro com o dinheiro. Só acumula patrimônio e conquista sonhos financeiros quem poupa- e só a partir daí é possível fazer investimentos.

Para poupar, basta gastar menos do que se ganha, a fórmula é simples. Difícil é colocá-la em prática, especialmente no Brasil, onde culturalmente não temos este hábito. É necessário abrir mão de um consumo no momento, para usufruir algo num futuro que não sabemos ao certo quando e se chegará! No entanto, viver como folhas ao vento não permitirá a conquista da compra da casa própria, da tranquilidade na aposentadoria, de fazer aquela viagem dos sonhos. Por isso, encontrar o equilíbrio entre o consumo e a poupança é um grande desafio, mas é fundamental. Se você incorporar o hábito de gastar menos do que ganha todos os meses e souber investir, ao longo do tempo são grandes as chances de acumular o que precisa para uma aposentadoria confortável, por exemplo.

Existem muitas dicas e técnicas que ensinam a poupar e investir em sites, revistas e livros especializados e recomendo a leitura, mas posso aqui deixar umas dicas que acredito serem bem importantes.

1) Saiba onde você está: para saber qual estrada devemos tomar, precisamos saber onde nos encontramos. Para isso, faça seu controle financeiro. Anote tudo o que você ganha e gasta, desta forma você poderá analisar e conhecer para onde vai seu dinheiro e corrigir excessos para conseguir poupar. Sugiro fazer isso em planilhas eletrônicas porque facilitam o trabalho e a análise futura, mas pode ser usado papel e caneta também, o importante é conhecer a situação real.

2) Poupe: Se o orçamento está apertado você tem duas alternativas: corte os excessos ou ganhe mais. Pode parecer duro, mas é possível. Reflita se vale a pena você trabalhar mais ou se é melhor cortar desperdícios. Outra dica bacana e muito difundida ensina a poupar 10% do que se ganha tão logo se receba, é o “pague-se primeiro”. Primeiro você vai reservar o dinheiro para os sonhos e objetivos e o restante para as despesas do dia a dia. No começo é sofrido, mas com o passar do tempo o orçamento se adapta aos 90% restantes e daí por diante vira hábito.

3) Trace objetivos de curto, médio e longo prazos, desta forma você terá metas para perseguir. Veja quanto você precisa poupar para cada um dos objetivos.

4) Invista de acordo com o prazo. Para os objetivos de curto prazo, busque investimentos seguros, mesmo que rendam pouco, como caderneta de poupança, CDBs de grandes bancos, títulos públicos do tipo LFTs. Para prazos maiores, pense em ousar mais para rentabilizar mais. Neste sentido, fundos de investimentos multimercados ou de ações podem ser opções interessantes, pois delega-se a alguém a gestão da carteira de investimentos. Em caso de dúvidas, procure um especialista, afinal não é fácil abrir mão de prazeres momentâneos para usufruir no futuro. Investir errado e colocar em risco este sacrifício seria injusto e cruel.

Enfim, para o sucesso de um planejamento financeiro, tanto poupar quanto investir corretamente são fundamentais. Como tudo começa na capacidade de poupar, fala-se que poupar é mais importante do que investir, pois, sem poupança, não há investimentos, muito menos conquista de sonhos, segurança e tranquilidade.

Annalisa Blando Dal Zotto é Planejadora Financeira Pessoal e possui a Certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 11 de março de 2013.

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