Seu Planejamento Financeiro

Ainda vale a pena investir na poupança?

Rozana Ventura, CFP®, responde:

O mais importante para saber se ainda vale a pena ou não investir na poupança é conhecer o seu perfil de investidor e sua tolerância a assumir riscos. O melhor investimento é aquele que você entende e no qual se sente confortável em aplicar seu dinheiro.

Segundo dados do Banco Central do Brasil, a poupança vem batendo recordes de resgates desde o início da série histórica, que acompanha aplicações versus resgates desde 1995. Isso pode indicar uma mudança no perfil dos investidores brasileiros, que em um cenário de taxas de juros baixas, como vimos até o primeiro trimestre de 2021, buscam mais informação e alternativas de investimentos para rentabilizar o dinheiro a contento.

Apesar de a aplicação mais popular entre os brasileiros vir acompanhando a escalada da taxa de juros iniciada em março de 2021 pelas autoridades monetárias, a preocupação com a inflação parece ter motivado os investidores a direcionar recursos para alternativas que garantissem rendimentos acima da inflação.

No cenário atual, a taxa básica de juros Selic não está conseguindo superar a inflação acumulada dos últimos 12 meses. Dessa forma, aqueles que permanecerem com o dinheiro em poupança não terão rendimento suficiente para manter o poder de compra, fazendo com que essa modalidade de investimento perca a atratividade no que diz respeito a rentabilidade.

A opção mais simples para o investidor conservador que busca retornos mais atrativos que a poupança é migrar para Fundos de Investimentos Referenciados ao CDI ou até mesmo Fundos de Renda Fixa que comprem predominantemente títulos públicos federais e outros títulos de baixo risco. Ao comprar cotas de Fundos de Investimentos, o trabalho de escolher bons papéis é terceirizado para o gestor do fundo. Entretanto, é preciso ter atenção aos custos de taxa de administração e de Imposto de Renda, uma vez que a poupança é isenta de IR para as pessoas físicas e não tem cobrança de taxa de administração como os fundos têm. Sendo assim, no momento da migração, é importante colocar na ponta do lápis se o provável ganho em rentabilidade será suficiente para cobrir tais custos.

Para aqueles que preferem escolher a composição da carteira de investimentos por conta própria, comprar Títulos Públicos Federais na plataforma do Tesouro Direto é uma boa alternativa. No Tesouro Direto é possível escolher entre títulos que acompanham a taxa básica de juros Selic, títulos que pagam uma taxa pré-fixada e títulos indexados à inflação. Cada um é adequado para objetivos específicos e horizontes de tempo diferentes.

Além dos títulos públicos, o investidor pode optar por investir em títulos emitidos por bancos, como CDBs, LCIs e LCAs. Assim como a poupança, os investimentos mencionados possuem garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que protege o investidor em até R$ 250 mil caso a instituição financeira tenha algum problema para honrar o título. Esses títulos têm, em sua maioria, rentabilidade atrelada ao CDI e são aplicações muito populares entre os investidores com perfil conservador. LCIs e LCAs contam ainda com isenção de IR para pessoa física, assim como a poupança. Papéis emitidos por bancos menores, que geralmente são oferecidos em corretoras e plataformas de investimentos, costumam oferecer taxas melhores, porém o investidor deve ficar atento ao prazo para resgate e à qualidade do emissor. Caso necessário, procure a orientação de um profissional que possa ajudá-lo nessa jornada.

Rozana Ventura é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected].br

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Texto publicado no site Época Negócios em 03 de março de 2022.

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