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Conheça o critério de conversão das cotas no resgate

Marcia Dessen, CFP®:

Luiz se surpreende com a grande volatilidade de preços dos ativos negociados no mercado e cogita se existe alguma oportunidade de comprar ou vender cotas de fundos de investimento aproveitando essas oscilações.

Pergunta se o valor da cota é calculado utilizando o preço do momento da transação, pela média do dia ou pelo valor de fechamento, tanto na aplicação quanto no resgate, em particular, no caso dos fundos de ações e cambial.

Cada fundo estabelece os critérios segundo os quais o capital investido será convertido em cotas na aplicação; quando as cotas serão convertidas em dinheiro no resgate; e quando será o pagamento do resgate.

Segundo determinação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), na aplicação o fundo tem poucas opções, deve adotar a cota do mesmo dia da aplicação (D0) ou a cota do dia seguinte (D+1). No resgate, entretanto, cada fundo pode estabelecer livremente o prazo de conversão das cotas.

Os fundos de renda fixa e os distribuídos no varejo utilizam, normalmente, a cota do mesmo dia ou do dia seguinte ao do pedido de resgate para converter as cotas em dinheiro.

Outros, como os fundos multimercado, por exemplo, podem estabelecer que a conversão será feita em 30 ou 60 dias após o pedido de resgate, por exemplo. O investidor mantém a aplicação durante esse prazo e não conhece o valor pelo qual venderá suas cotas, que pode ser maior ou menor do que o valor do dia do pedido.

Dois inconvenientes: o investidor desconhece o preço de venda, mantendo o capital em risco, exposto à oscilação de preços; e terá de esperar vários dias para receber o pagamento do resgate, comprometendo sua liquidez.

Em relação ao pagamento do resgate, a CVM admite que o pagamento seja processado em até cinco dias úteis, a contar da data de conversão de cotas. Os fundos de ações, por exemplo, fazem a conversão de cota em D+1, e o pagamento do resgate, em D+3, a contar da data de conversão.

Já deu para entender que não há oportunidade de comprar antes que o preço suba ou de vender antes que o preço caia, mas falta responder à pergunta em relação ao cálculo da cota: valor do momento da transação, média do dia ou valor de fechamento?

Os fundos podem adotar cota de abertura ou cota de fechamento. A cota de fechamento é apurada no encerramento do dia e reflete as oscilações de preço, positivas ou negativas, de cada ativo que compõe a carteira. Assim, fecha definitivamente a porta para qualquer especulação oportunista.

Como a divulgação é feita no dia útil seguinte, o cotista não conhece o valor exato que será utilizado para converter seu capital em cotas (na aplicação) ou para converter suas cotas em capital (no resgate).

A cota de abertura pode ser utilizada somente em fundos de baixo risco cuja valor de mercado é previsível, como no caso dos fundos Renda Fixa DI.

Onde o investidor pode encontrar essas informações? Essa e muitas outras informações úteis, necessárias e obrigatórias para a escolha do fundo adequado, estão contidas em um documento conhecido como lâmina, ou no Documento de Informações Essenciais (DIE) do fundo de investimento.

Leitura indispensável antes de investir e durante o período de investimento no fundo para conferir se as expectativas estão sendo atendidas e acompanhar a rentabilidade passada do fundo, observando como ela se comporta nos períodos de grande volatilidade e analisando a consistência do desempenho do fundo em relação ao objetivo definido em seu regulamento.

Artigo publicado originalmente na Folha de S.Paulo em 30/08/2021.

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