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Apostei em criptomoedas e perdi tudo. Qual o investimento de retorno mais rápido para tentar repor a perda? É melhor esquecer as criptomoedas?

A escalada global de juros observada recentemente, principalmente em função dos índices inflacionários crescentes na maioria dos países, favorece os investimentos em renda fixa

Por Caio Paganini, CFP® responde:

O mercado de criptomoedas tem ganhado espaço nos portfólios de investidores de todo o mundo. O bitcoin, mais antiga e capitalizada criptomoeda, alcançou valor de mercado de US$ 539 bilhões em 2023, ocupando o 11º lugar na lista dos ativos com maior market cap do planeta.

Atualmente, existem mais de 22 mil tipos de criptomoedas e, embora esse mercado tenha crescido exponencialmente na última década, a alta volatilidade é uma constante a ser avaliada pelo investidor. Utilizando como exemplo o própria bitcoin, entre 2017 e a máxima histórica, em 2021, houve 250% de valorização, o equivalente a mais do que triplicar o capital investido no período. No entanto, de 2021 até o fechamento de março de 2023, a moeda digital obteve performance negativa de 60%, evidenciando a alta oscilação ao longo do tempo.

Para evitar que a volatilidade do mercado cripto recaia totalmente sobre o capital investido, a melhor opção é a diversificação, sobretudo entre ativos descorrelacionados. Adicionar ao portfólio diferentes classes de ativos, como renda fixa, renda variável, fundos multimercado, investimentos no exterior, entre outras modalidades, tende a proporcionar à carteira crescimento de capital mais previsível e sustentável. A escolha da proporção de cada ativo do portfólio deve levar em consideração o perfil do investidor, que engloba vários aspectos, como objetivos, apetite a risco, necessidade de liquidez, prazo para utilização dos recursos, situação financeira e nível de conhecimento sobre o mercado financeiro.

A escalada global de juros observada recentemente, principalmente em função dos índices inflacionários crescentes na maioria dos países, favorece os investimentos em renda fixa. As modalidades mais comuns ao investidor brasileiro são indexadas a taxas de juros, inflação ou prefixadas.

Considerando a atual taxa Selic em 13,75% ao ano, é possível obter rentabilidade superior a 1% ao mês em um ativo de renda fixa pós-fixado com rentabilidade de 100% do CDI, facilmente encontrado em várias instituições financeiras e no Tesouro Direto.

Analisando sob a ótica de recuperação do capital, conforme a dúvida do autor da pergunta, um ativo com vencimento em cinco anos prefixado a 15% ao ano dobra o valor investido ao final do período. No mercado brasileiro, ativos prefixados estão disponíveis em várias modalidades. Entre as opções mais comuns estão os CDBs, LCAs, LCIs e títulos públicos.

Sobre esquecer as criptomoedas, a recente queda não é suficiente para decretar se é ou não um bom investimento. As moedas digitais possuem características próprias de funcionamento, e a principal delas é o fato de serem ativos descentralizados, fora do controle dos bancos centrais e, portanto, menos suscetíveis a efeitos inflacionários. Adicionalmente, sua utilização como meio de pagamento tem aumentado gradativamente, além de serem integradas a outras novas tecnologias, como o metaverso. São fatores que justificam o ganho de espaço nos portfólios dos investidores.

A decisão em optar por criptomoedas no portfólio está diretamente relacionada ao perfil do investidor. Os objetivos, o apetite a risco e o conhecimento dessa fração do mercado definirão se haverá espaço para essa modalidade e qual será a proporção escolhida. Com o desenvolvimento do mercado de ativos digitais, surgiram diversas opções disponíveis ao investidor, que, a depender do seu nível de conhecimento, poderá escolher quais ativos digitais serão alocados ou optar por fundos de investimento, que delegarão a gestores a escolha de quais criptomoedas serão integrantes do portfólio.

A quantidade de variáveis a serem ponderadas nas escolhas da formatação do portfólio podem ser numerosas e tornar complexa a decisão do investidor. Procure um planejador financeiro CFP ® para auxiliá-lo na melhor composição da sua carteira de investimentos.

Caio Paganini é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site Época NEGÓCIOS ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.


Texto publicado na Revista Época em 05 de Maio de 2023.

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