Consultório Financeiro

Como conciliar: consumir e a necessidade de poupar?

“Sempre escuto de profissionais do mercado financeiro que precisamos economizar e comprar menos coisas. Mas acredito que muitas coisas me trazem conforto e melhor qualidade de vida. Como conciliar essas duas perspectivas?”

Mauricio Okabayashi, CFP®, responde:

Caro leitor, esse tema é bastante importante e se tornou ainda mais vivo nos dias atuais. Em meio a um consumismo desenfreado, muitos profissionais vêm disseminando práticas de estilos de vida mais simples que alinham a sustentabilidade do nosso planeta com uma melhor qualidade de vida das pessoas.

Um dos grandes desafios da nossa vida é buscar o equilíbrio e nesse caso não é diferente: precisamos buscar o equilíbrio entre a qualidade de vida no momento presente e a economia necessária para manter essa qualidade de vida no futuro. Para isso é essencial planejarmos, dos nossos recebimentos, o que será poupado, os gastos com despesas essenciais e os gastos com lazer.

Ao pensar essa tomada de decisão de uma forma racional, muitos escolheriam por guardar o dinheiro agora para receber os juros de um investimento no futuro e assim comprar o que estava planejado com desconto ao pagar à vista. Porém, o nosso dia a dia não é cercado de decisões racionais e muitas das nossas decisões de compra são tomadas de acordo com o nosso estado emocional.

A falta de equilíbrio nessas decisões pode afetar nossa vida financeira atual ou comprometer a nossa qualidade de vida futura. A pessoa que se preocupa apenas em economizar com o futuro pode se desmotivar por não viver realizações com quem ama e se frustrar ao perceber que não aproveitou o caminho até chegar ao seu objetivo. Por outro lado, a pessoa que não se planejou para o futuro, gastando todas as economias no dia a dia, pode perder a qualidade de vida na velhice, com uma redução ou inexistência de renda.

Um estilo de vida que prioriza o acúmulo de coisas pode ser uma porta de entrada de um círculo vicioso de trabalho árduo para manter esse padrão de vida, o que pode resultar em menos tempo de qualidade para estar com quem se ama.

Em contrapartida, um estilo de vida mais simples com a iniciativa de ter menos coisas ou apenas o que realmente é necessário, com foco nas experiências e não no acúmulo de coisas, pode tornar a vida mais leve, com mais tempo de qualidade para estar com quem nos importa. Lembre-se de que muitos bons momentos da nossa vida não nos custaram nada, apenas a nossa inteira presença.

Essas decisões, alinhadas com o planejamento financeiro, são cruciais para a nossa saúde financeira. Um estilo de vida mais simples pode abrir espaço no seu orçamento financeiro, possibilitando economizar para a realização dos objetivos e a tão sonhada liberdade financeira, que lhe possibilitará uma maior autonomia da sua vida e das suas finanças.

Este momento do ano é oportuno para criar o seu planejamento com os objetivos que realmente importam na sua vida, de curto, médio e longo prazo, que irão garantir uma melhor qualidade de vida agora e no futuro. Estabeleça as suas prioridades mapeando o que realmente é importante para você, pois isso ajuda a manter a disciplina nos momentos em que surge a tentação de desviar da rota.

Uma dica bem importante para avaliar a necessidade no momento da compra é se fazer algumas perguntas como: Preciso mesmo? Posso? Tem que ser agora ou posso esperar?

Por fim, não se trata de deixar de comprar, mas de comprar com qualidade o que realmente faz sentido e de proporcionar boas experiências para você e para quem você ama.

Mauricio Okabayashi é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. Email: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 07 de fevereiro de 2022.

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