Seu Planejamento Financeiro

Como dividir investimentos para curto, médio e longo prazo?

Rafael Nogueira Pires CFP®, Responde:

Estimado leitor, agradeço o questionamento. Essa é uma dúvida corriqueira quando se pretende investir. Pensar em investimentos exige estratégia, dedicação e, principalmente, a determinação dos objetivos a serem alcançados no tempo correto. Por isso, ao criar uma carteira de investimentos é preciso garantir uma boa relação risco/retorno. Lembre-se daquela famosa frase: “nunca coloque todos os ovos na mesma cesta”.

Primeiramente, é necessário saber qual é o objetivo pretendido ao investir. É para adquirir um imóvel ou outro bem? Para acumular recursos para uma aposentadoria tranquila? Programar as férias em família? Definir o objetivo é tão importante quanto saber qual o prazo e onde investir.

Com o objetivo traçado, defina qual sua tolerância máxima a risco de perda financeira proporcional ao capital investido. É preciso saber quanto você está disposto a perder em um período de investimento.

Se o objetivo for de curto prazo, de até um ano, é preciso alocar em ativos preferencialmente pós-fixados que acompanhem a SELIC e tenham liquidez, ou seja, sem carência com resgate imediato. Para esse portfólio, o investidor dá preferência à disponibilização dos recursos em vez  de buscar maiores rentabilidades. Títulos públicos como o Tesouro Selic e fundos de investimentos de classificação Simples com baixíssima taxa de administração (de 0% até 0,10%) podem compor essa carteira.

Caso o objetivo contemple um prazo médio, entre dois e quatro anos, por exemplo, é essencial uma busca balanceada entre liquidez e rentabilidade. Como já foi predefinido um prazo para a utilização dos recursos investidos, é recomendável não utilizar uma porção significativa do portfólio com ativos de grau de risco elevado. Qualquer variação negativa no cenário macroeconômico poderá provocar uma desvalorização do capital inicialmente investido e o adiamento do seu plano. Portanto, adicione ativos com maior risco desde que estejam numa proporção adequada e que não impactem o portfólio definitivamente.

Para objetivos com prazos maiores que quatro anos, a formação da carteira deve priorizar rentabilidade em vez de liquidez. Isso significa que a proporção de ativos de maior risco tem um peso significativo, porém limitado ao que foi definido pelo perfil de risco do investidor. Portfólios que contemplem prazos mais longos precisam render além do indicador oficial de inflação, que no Brasil é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Isso é necessário para atender um conceito financeiro básico chamado valor do dinheiro no tempo. Ele significa resumidamente que o dinheiro no presente vale mais do que o mesmo valor a ser recebido no futuro. Em consequência disso, portfólios com rendimentos acumulados abaixo do indicador de referência resultam em perda do poder econômico.

Se ainda não tem um objetivo definido previamente, mas sabe que não utilizará os recursos no curto prazo, você pode criar sua carteira abrangendo todas as sugestões citadas anteriormente, alocando uma porção de ativos que atendam à liquidez e à rentabilidade de acordo com a sua estratégia.

Porém, não abra mão de preservar uma parte do seu patrimônio. Para isso, procure diversificar uma parte da carteira alocando em produtos de renda fixa como CDB, LCI/LCA, entre outros, cujos recursos investidos possuam garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Isso funciona da seguinte maneira: o valor coberto é limitado ao teto de R$ 250 mil por CPF em cada instituição financeira emissora do título, atingindo o limite máximo de R$ 1 milhão no somatório de diferentes emissores, renovado a cada quatro anos.

Caso você escolha prazos a partir de um ano, não deixe de formar uma reserva de emergência que abranja seus custos fixos, como por exemplo aluguel, alimentação, escola dos filhos, entre outros, por pelo menos seis meses. Imprevistos sempre acontecem, e estar preparado para enfrentá-los resulta na melhor administração do problema.

É importante mencionar que não existe um conceito padrão para mensurar curto, médio e longo prazos. A ideia aqui é elucidar como os investimentos podem ser divididos dentro de um período para a conquista de objetivos.

Quando pensar em investir, trace seus objetivos, alinhe um prazo para obtê-los e diversifique a sua carteira para promover uma boa relação risco/retorno. Com esses passos iniciais, você fará uma grande diferença no seu planejamento financeiro.

Rafael Nogueira Pires é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

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Texto publicado no site Época Negócios em 09 de fevereiro de 2021.

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