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Como ensinar seus filhos a lidar com o dinheiro?

Conversas, brincadeiras e histórias: veja como instigar o conhecimento financeiro das crianças e ajudá-las no futuro

Eduardo Cubas CFP®, responde:

Os filhos dependem 100% do sustento dos pais no começo de sua existência. Com isso, ensinar crianças a lidar com o dinheiro se torna uma parte essencial do desenvolvimento e da independência delas, além de contribuir com o planejamento financeiro da família. Apesar disso, muitas vezes só percebemos que o conhecimento sobre finanças é obrigatório para o cotidiano quando nos deparamos com tarefas que deveriam ser simples, como pagar contas e lidar com juros e investimentos.

Uma prova de que esse conhecimento é importante é que 78,9% das famílias brasileiras estavam endividadas em novembro de 2022 segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). 

Uma boa solução para ajudar a diminuir esse percentual no futuro é ensinar aos filhos a importância do dinheiro. A primeira tarefa é explicar a relação entre dinheiro e trabalho. É preciso deixar claro aos filhos que todas as pessoas, por exemplo dentistas, médicos e farmacêuticos, executam atividades visando ajudar outras pessoas e através dessa ajuda são remuneradas.

Outro exercício é utilizar a educação financeira em tarefas do dia a dia, como por exemplo levar a criança ao mercado ou ao açougue, explicando como a moeda circula na sociedade remunerando as pessoas por seus produtos ou serviços.

Com isso, desperta-se a curiosidade sobre remuneração, trabalho, salário, valor de mão de obra e profissões. As crianças começam a absorver a ideia de que em algum momento precisam encontrar uma atividade profissional que possa agradá-las.

Utilizar elementos lúdicos, como jogos e brincadeiras sobre o tema, facilita a compreensão dos conceitos de saúde financeira. Um exemplo é o famoso “Banco Imobiliário”. Para os menores, também é possível aproveitar a hora de dormir para incrementar essas questões, contando fábulas como “A Cigarra e a Formiga”, em que é possível observar questões como os benefícios de ser mais cauteloso e planejar o futuro. 

Todos esses elementos podem acabar trazendo conceitos que muitas vezes não se tornam palpáveis para os pequenos no cotidiano.

Outra solução interessante é criar um cofrinho para os filhos, que pode ser um bom começo para criar a noção de poupança. A ideia é utilizá-lo sempre que eles receberem algum dinheiro de avós e tios, e também como uma forma de guardar uma remuneração por pequenas tarefas realizadas individualmente, como tomar banho e guardar os brinquedos.

A escolha de um presente também transmite a ideia de que o dinheiro é um valor finito e escasso, e que opções devem ser feitas de acordo com o valor disponível. É interessante adaptar isso de acordo com a rotina de cada família e com o que faz sentido para que cada criança entenda o valor do trabalho realizado. 

Não existe uma regra. O mais importante é tentar introduzir o tema de uma maneira leve para que as crianças absorvam e gostem do assunto. Podemos levantar diversos temas, como remuneração, salário, dinheiro, planejamento, bancos, juros e endividamentos, tendo sempre em mente que o objetivo é instigar a curiosidade sobre esse universo.

Eduardo Cubas é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Texto publicado na Revista Época em 01 de março de 2023.

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