Consultório Financeiro

Como investimentos isentos de IR se comparam à poupança?

“Meu marido quer deixar nosso dinheiro na poupança com o argumento de que a isenção de imposto de renda é uma vantagem. Queria conhecer outros produtos isentos de IR, saber como eles se comparam com a poupança e saber se essa é mesmo uma informação que devemos levar em consideração em nosso investimento.”

Fábio Cabral, CFP®, responde:

A remuneração da poupança está atrelada ao patamar em que a taxa básica de juros (SELIC) se encontra, ou seja, caso a SELIC esteja acima de 8,5% ao ano, o rendimento será de 0,5% ao mês mais a variação da TR (taxa referencial). Caso a SELIC esteja em 8,5% ao ano ou abaixo disso, o rendimento será equivalente a 70% da SELIC mais a variação da TR. Essa taxa referencial é calculada a partir das médias das taxas das LTN (Letras do Tesouro Nacional) negociadas diariamente e vem representando 0,0% desde 2018, quando houve a última mudança no seu cálculo.

Há alguns argumentos que favorecem a aplicação em poupança. Um deles é de que não sofre incidência de imposto de renda (IR), porém, se levar isso em consideração e somar a alíquota máxima de IR, que é de 22,5% nos primeiros 6 meses de aplicação, a remuneração bruta será 90,75% da SELIC, o que é bem inferior à média que o mercado remunera. Outro argumento que se encontra é a liquidez, ou seja, o recurso está disponível imediatamente caso você peça o resgate dele. Porém, aqui vale dizer que essa vantagem não é exclusiva da poupança e existem diversas outras opções de investimento que também possuem essa liquidez.

Um último aspecto é o fato de a poupança ter a garantia da aplicação, o que significa que, caso a instituição financeira na qual você aplicou venha a quebrar, haverá o acionamento do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que hoje resguarda o investidor que possui até R$ 250 mil aplicados em uma única instituição. Contudo, nesse aspecto vale ressaltar ao leitor que essa proteção também existe em diversos títulos privados emitidos por instituições financeiras, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) ou Certificados de Depósito Bancário (CDB), por exemplo.

Vale ainda mencionar para o leitor o saque-aniversário que existe sobre o investimento em poupança. Apesar de a liquidez ser muito boa, a rentabilização do investimento em poupança acontece de forma diferente dos demais investimentos tradicionais. O crédito acontece somente na data de seu “aniversário”, ou seja, no mês subsequente da data da aplicação.

Como alternativa para ajudar na escolha de vocês, vale citar os CDBs pós-fixados das instituições financeiras que pagam um percentual da taxa CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Essa taxa CDI é uma taxa média praticada nos empréstimos concedidos pelos bancos e sua remuneração acompanha a taxa SELIC META.

Nessa situação, se esse título privado do banco oferecer algo acima de 90,75% do CDI já será um investimento que entrega maior rentabilidade que a poupança, já que sobre os CDBs haverá ainda a incidência de IR. Existem ainda nas instituições financeiras os títulos isentos de IR, como LCI e CRI (lastro no mercado imobiliário) e LCA e CRA (lastro no mercado do agronegócio). Se você receber uma oferta de remuneração acima de 72% do CDI, já será um investimento com maior rentabilidade que a poupança. Por fim, o Tesouro SELIC pode ser uma opção, pois é um título público emitido pelo governo, mas para todas essas opções vale considerar se a liquidez vai atender as suas necessidades.

Fábio Cabral é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail:  [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 09 de agosto de 2021.

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