Consultório Financeiro

Como investir com segurança em meio à instabilidade global?

Aplicações em renda fixa pós-fixada são mais conservadoras, mas diversificação também é importante para proteger carteira

Letícia Camargo CFP®, responde:

Prezado leitor, é muito importante estar atento aos seus investimentos. Isso já é um bom sinal. Quem cuida dos seus recursos vai ficando cada vez mais próximo de alcançar os seus objetivos de vida!

Quanto à sua pergunta, independentemente da situação econômica ou geopolítica do momento, os investimentos mais seguros são aqueles de renda fixa pós-fixada, pois são os mais conservadores.

Entre eles podem ser considerados os títulos de emissores soberanos, como o Tesouro Selic, e os privados, como CDBs, LCIs e LCAs atrelados ao CDI, por exemplo. Também é importante ressaltar que os títulos soberanos podem ser considerados ainda mais seguros do que os demais.

Por outro lado, entre os investimentos privados, a maioria daqueles emitidos por instituições financeiras possui a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que funciona como um tipo de seguro. Se a instituição quebrar, o FGC devolve o dinheiro dos clientes até o montante de R$ 250 mil por CPF por conglomerado financeiro. Esse valor é limitado a R$ 1 milhão a cada 4 anos.

Os fundos de investimento atrelados ao CDI também são pós-fixados e bem conservadores. Eles costumam ter baixa volatilidade mesmo em momentos de crise e, da mesma forma, são apropriados para aqueles que querem mais segurança para seus investimentos.

Mas, por que esses investimentos pós-fixados são os mais conservadores? Porque, quando há um aumento da Selic (que é a taxa de juros básica da economia), as taxas dessas aplicações acompanham esse aumento.

Essa alta da taxa não gera prejuízo para esses investidores, muito pelo contrário; os investimentos em renda fixa pós-fixada passam a render mais daí em diante. É o contrário do que ocorre com os títulos de renda-fixa pré-fixados ou aqueles híbridos indexados à inflação, que perdem valor quando a taxa de juros aumenta.

Com os altos juros praticados no momento, faz sentido ter na carteira uma parcela conservadora, que mesmo com baixo risco está rendendo bem.

Porém, é importante lembrar que, mesmo rendendo bastante, esses investimentos mais conservadores podem estar perdendo da inflação e por consequência fazendo diminuir o poder de compra de seus detentores.

E, como não há bola de cristal para saber quando haverá uma virada no mercado, é importante manter a carteira diversificada para os investimentos de longo prazo. Essa carteira deve ter a possibilidade de render mais do que a inflação e estar de acordo com o perfil do investidor, é claro.

Investimentos atrelados à renda variável, ao mercado internacional, a moedas estrangeiras e ao ouro, por exemplo, podem ajudar na diversificação e proteção da carteira, embora possuam mais risco do que os de renda fixa citados acima. Então, podem constar na carteira daqueles que possuem um perfil menos conservador.

Por fim, se a sua carteira está diversificada adequadamente e se você tem objetivos de longo prazo, não precisaria estar preocupado com o sobe e desce de seus investimentos agora no curto prazo.

Inclusive, é nos momentos de crise, quando os preços dos ativos de risco caem, que podem ser encontradas ótimas oportunidades para comprá-los com desconto.

Portanto, diversifique a sua carteira e atenha-se à sua estratégia de investimentos, mesmo nos momentos de crise. No longo prazo, a paciência costuma ser bem recompensada com bons retornos financeiros.

Leticia Camargo, CFP® é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro). Email: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 18 de julho de 2022.

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