Consultório Financeiro

Como investir em créditos de carbono?

Queria muito saber como investir em créditos de carbono. Também queria saber como se comportam esses papéis em termos de oscilação e qual percentual do meu portfólio investir

Julianne Simões, CFP®, responde:

Olá. Muito obrigada pela sua pergunta.

Essa é uma modalidade de investimentos classificada como ESG – Environmental, Social and Governance –, sigla que pode ser traduzida como Ambiental, Social e Governança; a modalidade também é conhecida como investimentos sustentáveis. Com o aumento da preocupação com o aquecimento global, os investimentos ESG indexados a carbono podem ser alternativas para mitigar impactos ambientais e consecutivamente econômicos.

O crédito de carbono é gerado através da redução da emissão de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. A cada tonelada de gases que a empresa deixa de emitir, recebe um crédito de carbono.

Existem dois tipos de mercado:

O regulado, que responde a acordos firmados em encontros governamentais com metas de redução de emissão de gases e geração de energia limpa. O último acordo nesse sentido foi no ano de 2015 em Paris, em que cada país participante firmou um compromisso de redução de CO2. O próximo encontro acontecerá em 2022, chamado de Cop26.

O outro mercado de créditos de carbono, chamado voluntário, é formado por empresas que se voluntariam para mitigar o efeito estufa. 

De um lado, as empresas geradoras de créditos de carbono vendem seus créditos excedentes e, de outro, as empresas que emitem CO2 acima do que poderiam emitir precisam comprar créditos para se manter dentro do compromisso estabelecido no acordo.

Essa movimentação de compra e venda (oferta e demanda) ocorre na Bolsa de Valores dos Estados Unidos e da Europa. O crédito de carbono é precificado e assim são gerados os ETFs (Exchange Traded Funds), fundos de investimento que acompanham um índice.

O ETF de carbono acompanha a variação do preço do crédito de carbono. Por ser uma classe de ativos muito restrita, não é possível investir diretamente em CO2. Por esse motivo, a forma mais comum de aproveitar as oportunidades de carbono é investir via fundos de investimento. Dessa maneira o investidor terá mais segurança e liquidez na gestão dos ativos. Os fundos, em geral, contam com gestão profissional, ou seja, existe um estrutura que garante a validade dos ativos que compõem o fundo, e isso traz mais segurança e liquidez para o investidor.

Chamamos essa estratégia de estratégia passiva. Para isso o investidor pagará uma taxa de administração, que poderá ser consultada previamente nas lâminas do fundo.

Para localizar os fundos compostos por carbono, o investidor deverá localizar no nome do fundo a palavra carbono. Vale ressaltar que é fundamental a leitura do regulamento e da lâmina do fundo para conhecer suas principais características, como liquidez, risco, histórico, taxas e impostos para avaliação.

Essa modalidade de fundos apresentou volatilidade entre 37% e 42% desde a sua abertura. Se a compararmos com a volatilidade do Ibovespa, que gira em torno de 20%, podemos considerá-la como uma modalidade de alto risco. Por esse motivo, para quem possui pouca familiaridade com essa classe de ativos, recomendamos começar com valores pequenos.

Vale dizer que essa classe de investimentos tem pouca relação com ações, ouro e criptomoedas, o que significa que pode ser uma estratégia para diversificação e proteção de carteira.

É muito importante que você busque conhecimento do seu perfil de investidor para avaliar a sua capacidade de risco e a sua tolerância a ele em seu portfólio.

Julianne Simões é planejadora financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail:[email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 04 de Julho de 2022.

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