Consultório Financeiro

Como investir em títulos públicos de outros países?

Invisto bastante em títulos do governo brasileiro. Queria saber como investir em títulos de outros governos e o que devo levar em consideração se o fizer

Ana Lucia Rocha Soares, CFP®, responde:

Os investimentos no exterior têm sido muito procurados nos últimos tempos. Nos momentos de crise, é comum que os investidores busquem diversificar sua carteira em ativos mais seguros, como os de renda fixa. Em vez de o investidor guardar uma quantia em moeda estrangeira como reserva internacional sem rendimento, prefere adquirir títulos públicos ou privados que, além de render juros, podem ser vendidos no mercado internacional.

Por onde começar sua jornada

A forma clássica de investir no exterior é através da abertura de uma conta em uma corretora ou um banco de investimentos. Alguns bancos nacionais possuem escritórios no exterior para conta corrente e investimentos, mas, se preferir abrir uma conta em um banco no exterior, busque informações sobre a solidez da instituição e onde ela atua. Além disso, mais recentemente algumas corretoras estrangeiras também permitem a abertura de conta por brasileiros para investimento direto no exterior.

Para fazer a remessa do dinheiro do Brasil para o exterior, será necessário usar um banco ou uma corretora de câmbio autorizada pelo Banco Central. As taxas cobradas podem variar; é preciso estar atento e fazer a relação custo-benefício na avaliação do investimento.

Para o investidor que prefere manter seus recursos no Brasil, existem alternativas que permitem começar a explorar outros mercados.

Diversifique seus investimentos

Entre os títulos de renda fixa, há o Eurobond, os Global Bonds, os Treasury Bonds, os Brady Bonds e os Bonds com viés Sustentável. O primeiro são os títulos emitidos no mercado europeu e negociados em euro, os Global Bonds são títulos para pagamento de dívidas no exterior do país ou de uma companhia, os Treasury Bonds se assemelham aos títulos públicos do Tesouro Nacional e os Brady Bonds são títulos de dívida externa de países considerados emergentes.

Uma forma muito comum de se negociar um título público de outros países é através dos ETFs (Exchange Traded Funds). Quando se adquire uma cota desses fundos, é como se o investidor comprasse uma cesta composta por vários títulos públicos diferentes. Ademais, ao investir em uma cota de ETF, além de não ter que desembolsar grandes quantias para adquirir vários títulos, o investidor pode mitigar riscos com a diversificação proposta pelo fundo. É possível saber mais sobre os ETFs listados e acompanhar as cotações através do site da B3.

Outra forma de aplicar seus recursos em títulos públicos é através dos fundos classificados como Investimento no Exterior. Esses fundos investem majoritariamente em ativos globais, como ações, renda fixa, câmbio e, em alguns casos, uma mescla de investimentos de outros países. Essa estratégia pode ser boa para o investidor que está se lançando nesse mercado e tem pouco conhecimento, ou para aquele que não tem tempo de acompanhar o mercado.

Pontos de atenção

A diversificação dos investimentos é importante para um bom equilíbrio entre a volatilidade e o risco da carteira. Aproveitar as oportunidades no mercado internacional pode fazer com que os investimentos fiquem menos sujeitos a oscilações de moeda e crises econômicas.

É interessante montar uma estratégia de investimentos com aplicações que se complementam. Lembre-se que qualquer investimento de longo prazo tem como fator importante a multiplicação do capital; nos investimentos feitos no exterior, essa premissa é fundamental. Trace suas metas, prazos e riscos, e abra-se para novas oportunidades mundo afora.

Ana Lucia Rocha Soares é planejadora financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 20 de setembro de 2021.

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