Consultório Financeiro

Como investir no mercado de NFT?

Um amigo começou a investir em NFT e disse que já ganhou muito dinheiro. Como funciona e como posso investir?

Priscila Telles Lima, CFP®, responde:

Quando analisamos um investimento, temos que identificar os riscos envolvidos, o prazo para retorno do valor investido e o retorno esperado. Diante dessas questões, podemos analisar a viabilidade para se efetivar o negócio. O mercado disponibiliza ferramentas como a Análise de Perfil de Investidor (API), que pode ajudar você na orientação mais adequada para o tripé liquidez, risco e rentabilidade dos ativos escolhidos para compor sua carteira de investimentos. O NFT (token não fungível) é um ativo digital registrado em blockchain e caracterizado pela sua não fungibilidade, ou seja, ele não pode ser substituído por outro ativo da mesma espécie. Foi a ascensão das criptomoedas, como Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), no cenário financeiro global que abriu espaço para a expansão de outros mercados como o que envolve a comercialização das NFTs.

O ativo em questão pode parecer por muitos “fora da realidade”, pelo fato de as artes digitais pertencerem apenas ao mundo virtual e, em muitos casos, apresentarem valores muito altos. Entretanto, esse tipo de oscilação referente a um item transformado em ativo já foi observado pela humanidade séculos atrás. A bolha especulativa das tulipas, eclodida no século XVII na Holanda, foi um fato curioso que transformou os bulbos das flores em questão em ativos que estiveram sujeitos a oscilações de até 20 vezes o seu valor. Essas flores, por serem escassas na Holanda, passaram a ser negociadas na bolsa de valores de Amsterdã como qualquer outro ativo. Contudo, após um momento de desespero no mercado das tulipas relacionado ao não cumprimento de um contrato, o seu preço reduziu consideravelmente em poucos dias, o que gerou uma crise e, consequentemente, o encerramento desse mercado especulativo.

O que valida as NFTs para que sejam comercializadas é o seu certificado de propriedade digital registrado em um banco de dados “inviolável”. Dessa maneira, o valor desse ativo é traduzido no valor da criptomoeda ao qual está vinculado. Por exemplo, dizer que uma NFT foi comercializada por 15 ETH significa que quem comprou esse ativo necessitou adquirir 15 unidades da criptomoeda Ethereum. Desse modo, no processo da transação houve a transferência do ativo da carteira digital do antigo dono para o atual, que agora pode observar as oscilações no mercado e comercializar seu novo ativo.

Pelo fato de as NFTs serem comercializadas em criptomoedas, deve-se adquiri-las, preferencialmente, por intermédio de uma corretora de sua confiança, ou pela compra de terceiros. A cotação das criptomoedas funciona como a de um ativo de alta volatilidade, logo elas estão sujeitas a oscilações conforme a valorização e desvalorização da moeda. A aquisição do ativo é feita por meio de portais que conectam os artistas e donos dos tokens a outros interessados na compra dele. A compra é feita por meio de criptomoedas, geralmente ETH.

Na criação da NFT é feito um registro na blockchain, ou seja, o banco de dados criptografado valida que existe apenas uma NFT como aquela. A princípio, esse modo de registro é caracterizado pela segurança, contudo está sujeito a falhas e falsificações por mais complexo que seja o sistema de proteção dos dados nesse ambiente. Assim, é importante acessar portais confiáveis e sempre acompanhar as últimas notícias que envolvem o ativo a fim de evitar estar sujeito a uma circunstância inesperada que englobe esse mercado sujeito a tantas oscilações.

Órgãos regulatórios, como o Banco Central, estão acompanhando os volumes negociados em criptomoedas a fim de evitar o risco sistêmico. 

Priscila Telles Lima é planejadora financeira pessoal e possui certificação CFP® (Certified Financial  Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected] . Com a colaboração do Leonardo.

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 25 de julho de 2022.

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