Consultório Financeiro

Como investir para se aposentar aos 65 anos?

Como investir para me aposentar aos 65 anos? Sou casado, tenho 37 anos, e uma filha de nove anos. Não somos registrados e não contribuímos com o INSS. Já temos a nossa casa e começamos a investir em LCI e Tesouro Direto. Nossa sobra para investir está em R$ 1 mil por mês.

Luiz Correia, CFP®, responde: 

Caro leitor, para responder de forma satisfatória, precisaria de mais dados para analisar os vários aspectos da sua vida financeira, caso contrário, poderia não ir de encontro às suas expectativas. Passo, portanto, algumas considerações para reflexão.

Com quanto você gostaria de se aposentar? É factível?

Coloquemos em perspectiva. Imagine uma taxa real de 2% ao ano. Em 28 anos você terá um valor de aproximadamente R$ 449 mil. Atende suas necessidades? Será que você poderia correr um pouco mais de risco? Ter um retorno melhor?

E se vocês viverem mais do que a expectativa de vida apontada pelo IBGE? O plano financeiro e os recursos são adequados para essa realidade?

Até os 65 anos, você tem o tempo e os juros compostos a seu favor, mas é um período longo e muitas coisas podem acontecer no meio do caminho, por isso, é preciso estar preparado para que seu objetivo seja factível.

Já foi dado um grande passo, a conquista da casa própria, e já começaram a fazer uma poupança. Para saber se o que sobra são os R$ 1 mil que você diz conseguir economizar, precisará fazer um mapa da situação financeira. Liste todas as despesas fixas e variáveis e as receitas. Analise e identifique desperdícios e despesas que podem ser otimizadas.

Anote as despesas não recorrentes, vocês têm uma filha em idade escolar, todos os anos tem material escolar, matrícula de escola, entre outras despesas que a criação de um filho envolve, além de outros custos como IPTU e IPVA.

Do lado das receitas, veja se estão aproveitando todo o potencial para gerar renda.

Com a fotografia da vida financeira, façam um investimento com alta liquidez e baixo risco para uma reserva de emergência que suporte de seis a 12 meses das suas despesas. O prazo vai depender da sua empregabilidade e capacidade de geração de renda. Em caso de emergência, ou despesa inesperada, não terá que recorrer a empréstimos ou resgatar investimentos alinhados com outros objetivos, que podem não estar no melhor momento para resgate.

Considere a contratação de um seguro de vida que garanta a educação da sua filha até ela se formar. Analise quais riscos vocês estão expostos e como mitigá-los.

É recomendado repensarem a decisão referente ao INSS, além de gerar uma renda que é vitalícia para aposentadoria, que se somaria aos outros investimentos, traz outros benefícios como auxílio-doença, auxílio-acidente, pensão por morte, entre outros.

Ao montar o seu portfólio de investimentos, considere que durante esse tempo, terão vários outros objetivos na vida, além da aposentadoria aos 65 anos.

Façam um quadro de metas e objetivos, coloquem em ordem de prioridade e veja quanto é necessário para a realização de cada um deles.

Você terá produtos financeiros diferentes para atendê-lo, conforme seu perfil. Uma análise bem elaborada da sua vida financeira, suas necessidades e objetivos, e prazos, além de mostrar se são factíveis, permitirá escolher as estratégias e os produtos de investimentos mais adequados.

Importante revisitar de tempos em tempos o quadro e readequar tanto os objetivos como o portfólio, mesmo porque nada é definitivo, as necessidades e a realidade financeira das pessoas mudam ao longo do tempo.

Além de títulos públicos e da LCI, que você já tem no seu portfólio, existem outras opções de produtos: LCA, CDB, ações, vários tipos de fundos de investimentos além dos planos de previdência complementar. Lembro que, objetivos de prazos longos, podem suportar mais risco e volatilidade, desde que esteja de acordo com o seu perfil de investidor.

Para cada um desses produtos, observar os custos e taxas, para que a rentabilidade não seja comprometida.

Busque a orientação de um planejador financeiro pessoal.

Luiz Correia é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 28 de maio de 2018

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