Consultório Financeiro

Como os casais devem cuidar das despesas comuns?

Moro junto há 2 anos e agora vou casar. Finanças tem sido um ponto delicado no relacionamento… como administrar as despesas comuns do casal?

Maria Angela Nunes Assumpção, CFP®, responde:

Prezado leitor,

Assuntos ligados às finanças nem sempre são fáceis de serem tratados, especialmente quando envolvem o início de uma vida em comum de duas pessoas que tiveram uma criação, história e experiências diferentes em relação a como lidar com o tema.

Essa dificuldade decorre do fato de que quando estamos falando em dinheiro, na verdade, estamos falando de muito mais coisas do que o dinheiro em si. Estamos falando em como as pessoas lidam com sua vida financeira e isso envolve seus valores, crenças, expectativas, objetivos, medos e experiências, só para citar alguns fatores.

Portanto, a resposta a sua pergunta pode ser diferente de casal para casal e vai demandar que o tema seja conversado. E aí reside a maior dificuldade, conversar e chegar a um consenso.

Nessa conversa será importante se delinear quais os objetivos do casal, o estilo de vida que eles gostariam ou podem ter. Ressaltando que, para essa conversa, o casal não deve ter o foco apenas nos objetivos imediatos e de curto prazo. Para uma vida financeira mais sustentável é necessário ter, também, um olhar para o médio e longo prazos, porque dessa maneira podemos nos planejar melhor e aumentaremos as chances de minimizarmos o estresse do dia a dia.

É muito comum ver casais que tem um perfil muito distinto em relação aos objetivos e em como querem construir sua vida. Quem não conhece algum casal em que há um lado mais “poupador” e o outro mais “consumista”?. Ao longo do tempo, esse tipo de não convergência pode se tornar uma grande fonte de conflito.

Um instrumento fundamental – e que auxiliará muito o casal nessa conversa – é fazer um orçamento detalhado sobre todas as despesas e desembolsos que envolvem e envolverão a vida em comum.

O orçamento detalhado trará uma visão clara de como estão sendo usados os recursos e do montante necessário para manter o estilo de vida do casal e ajustes poderão ser feitos de maneira organizada, minimizando-se os atritos.

Através do orçamento será possível analisar de uma forma mais objetiva o impacto financeiro das escolhas que estão sendo feitas. Virão questões como: As receitas serão suficientes para pagar todas as despesas? Faltará dinheiro? Sobrará dinheiro?

Poderão surgir alertas como: Nesse ritmo será que vamos nos endividar? Será que estamos guardando o dinheiro necessário para nos prepararmos para os nossos objetivos?

É importante ressaltar que através do orçamento que será possível definir o quanto de reserva para emergência eles deverão constituir para se algum imprevisto acontecer, como, por exemplo, o desemprego para quem é assalariado ou a não geração de renda para quem é autônomo/empresário ou profissional liberal.

O orçamento também poderá auxiliar na análise de um outro ponto que precisa ser bem resolvido: como dividir as despesas comuns.

Se o casal ganha mais ou menos de forma equivalente, o assunto é de mais fácil decisão. Mas se as rendas são significativamente diferentes será necessário que a decisão seja mais conversada. Por exemplo: 1) dividir meio a meio em muitos casos pode significar ter que reduzir o padrão de vida para que a metade das despesas caiba na renda do que recebe menos; 2) dividir proporcionalmente à renda de cada um, pode significar trazer desconforto para quem contribuir com mais.

O importante é que o assunto seja conversado desde sempre e que haja um “combinado” que “funcione” bem e de forma harmônica para os dois lados.

O Planejamento Financeiro pode ajudar muito na estruturação do funcionamento da vida financeira do casal.

Maria Angela Nunes Assumpção é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].

As respostas refletem as opiniões da autora, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 13 de fevereiro de 2017

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