Consultório Financeiro

Cooperativa e fintech são boas opções para um empréstimo?

Estou pensando em pegar um empréstimo. Ouvi falar em algumas alternativas como cooperativas de crédito e fintechs, mas queria entender mais sobre esse universo. Também queria saber como posso pesquisar a melhor alternativa para mim.

Trajano Ellera Gomes, CFP®, responde:

A realidade do mercado de crédito brasileiro ainda é de uma grande concentração nos cinco maiores bancos, o que normalmente faz com que os preços para o consumidor sejam mais caros, nesse exemplo por conta da taxa de juros dos empréstimos. Nos últimos anos o Brasil tem avançado nesse sentido com a entrada de novos concorrentes principalmente nos produtos de investimento e crédito. O próprio Banco Central tem apresentado iniciativas com o compromisso de criar melhores condições para os brasileiros.

Mesmo parecendo um conceito novo para os brasileiros, as cooperativas de crédito estão presentes desde o século XIX nos países germânicos. Nascidas do mesmo princípio das cooperativas de produção, juntar de forma proporcional a força individual de várias pessoas em uma figura única, elas têm o princípio-chave de que os cooperados são, ao mesmo tempo, clientes e donos do negócio. O Brasil historicamente não demorou muito para ter a sua primeira cooperativa de crédito, que foi fundada em 1902 no Rio Grande do Sul, ainda é atuante e deu origem a um dos maiores sistemas cooperativos de crédito do país.

Os sistemas cooperativos de crédito possibilitam o acesso de cooperativas locais a robustas estruturas financeiras e de produtos que não perdem dos grandes bancos, mas com o diferencial de não visar lucro, já que as cooperativas distribuem resultado proporcionalmente aos associados. Elas também prestam serviço à comunidade local, pois na sua essência atuam de forma regionalizada devolvendo benefícios para as pessoas que consomem seus produtos, muito em linha com as boas práticas ESG/ASG (Environmental, Social and Governance, ou Ambiental, Social e Governança), embora com quase dois séculos de idade.

Mirando oferecer uma experiência diferente aos clientes, mas visando o outro lado do espectro, as fintechs surgiram como uma experiência menos burocrática e com o objetivo de oferecer serviços mais baratos que os tradicionais. Nasceram do princípio de unir tecnologia aos produtos financeiros e tiveram um crescimento exponencial nos serviços de crédito esses últimos anos. Toda a contratação e prestação de serviços se dá majoritariamente de forma on-line, através do site ou de aplicativos das empresas.

Suas estruturas têm como cerne o conceito de asset-light, empresas com poucos bens imobilizados que concentram os seus recursos na própria geração de negócios. A experiência fica restrita ao atendimento on-line na maioria delas, sem a possibilidade de ir até uma agência, com o atendimento realizado principalmente através de mensagens.

Infelizmente ainda não existe à disposição uma consulta única e centralizada das opções de crédito no mercado, e esse problema deu origem a uma das principais iniciativas do Banco Central, o open banking, que quando completamente implementado será o formato mais transparente de consultar empréstimos, sem a necessidade inicial de abertura de conta bancária. O interesse nesses dois universos pode ser o primeiro passo tanto para conhecer alguma cooperativa de crédito local quanto para abrir uma primeira conta on-line. Acima de tudo, é importante sempre buscar a orientação de um profissional qualificado, que ajudará você a navegar nesse novo universo.

Trajano Ellera Gomes é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 29 de novembro de 2021

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