Consultório Financeiro

Em quanto tempo devo reavaliar a carteira de investimentos?

“A cada quanto tempo devo reavaliar a carteira de investimentos? Como fazer isso?”

Raphael Battaglia, CFP®, responde:

Esse é um questionamento bastante apropriado quando o assunto tratado é a alocação dos recursos poupados e possivelmente é uma das dúvidas mais comuns entre os investidores. Procurarei dar uma resposta menos técnica.

O universo financeiro e as opções para destinar seu dinheiro vem passando no Brasil por constantes transformações, aumentando cada vez mais a oferta de veículos de investimentos no país. Nesse caso, se preferir contar com um profissional devidamente habilitado para um trabalho detalhado, estará bem amparado na busca dos seus objetivos em seus investimentos.

Com a ajuda de um profissional, você levantará suas informações financeiras e patrimoniais e identificará seus objetivos e expectativas de retorno, além de sua necessidade de liquidez — isto é, o acesso aos seus recursos no curto, médio e longo prazos.

Fazer uma análise das condições financeiras através destas informações será fundamental para um processo saudável de alocação do seu dinheiro investido. As etapas seguintes deverão obedecer à sua Análise do Perfil do Investidor (API). Além de ser uma exigência dos órgãos reguladores do mercado financeiro, esse perfil apontará quais serão os ativos, os fundos de investimentos, ou outros veículos de diversificação utilizados em sua carteira.

As recentes e frequentes mudanças em nosso cenário político e ciclos econômicos são fatores que vem exigindo do investidor um grau de cautela e uma dose de paciência. Uma boa carteira de investimentos, em um mundo cada vez mais globalizado, deve ser composta por ativos que são capazes de atravessar períodos de turbulência no Brasil e no cenário externo.

O monitoramento constante de sua carteira de investimento é uma etapa muito importante dentro de um planejamento financeiro. É através deste trabalho que um profissional buscará manter aderência da carteira aos objetivos do cliente. Em geral, uma reavaliação a cada ano costuma ser suficiente, porém toda vez que alguma mudança brusca de cenário político-econômico ocorrer — ou mesmo alguma mudança familiar surja na vida financeira e objetivos do cliente, tais como, a chegada de um novo membro à família, a compra de um imóvel, ou mudanças nos planos profissionais—, recomenda-se a reavaliação da carteira de investimentos.

Através da instrução CVM 555 de 2014, os fundos de investimentos no país passaram a poder comprar ativos do exterior, como ações e renda fixa, por exemplo, aumentando a oferta de veículos de investimentos e reforçando ainda mais a importância da pergunta. Atualmente, o Brasil representa 3% do PIB mundial, negocia apenas 2% de todos os ativos de renda fixa do mundo e somente 1% das ações de empresas na bolsa de valores no mundo todo. A possibilidade de o investidor expandir sua visão para veículos de investimentos também para fora do Brasil é uma necessidade para diversificação de risco.

Assim como vamos ao médico regularmente para avaliar a nossa saúde, um planejador financeiro certificado irá orientá-lo na tomada de decisão financeira, reavaliando e adequando, periodicamente, se houver necessidade, o seu portfólio de investimentos, de acordo com seus objetivos e necessidades ao longo do tempo. Não existe uma resposta padrão para quando deverá reavaliar sua carteira de investimentos. Esta necessidade está diretamente ligada aos objetivos de cada indivíduo, seu perfil de risco, necessidade de liquidez dos recursos, realidade financeira.

Cada investidor é único e o monitoramento dos seus investimentos, manterá sua saúde financeira em dia.

Raphael Battaglia é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 21 de fevereiro de 2018

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