Seu Planejamento Financeiro

Dívida no cartão e não tenho como pagar. O que fazer?

Felipe R. Martins, CFP®, responde: 

Em geral, as taxas de juros dos cartões de crédito são muito altas. Assim, deixar a dívida do cartão de crédito acumular é uma grande armadilha para a sua saúde financeira.  

Mas não se preocupe. Existem maneiras de buscar melhores alternativas para livrar-se das dívidas de modo adequado e responsável sem que você se comprometa ainda mais financeiramente. 

Atualmente a maioria das operadoras faz negociação por telefone, on-line, no site ou no aplicativo. Isso facilita o processo e torna a negociação mais rápida e fácil, tanto para o consumidor quanto para a instituição financeira. 

Porém, vale lembrar: antes de assumir qualquer compromisso, entenda se é possível arcar com as parcelas mensais.  

Seguem algumas dicas que poderão ajudar você a buscar uma negociação ideal: 

1.     Reserve um tempo para organizar as suas finanças com calma e escolha um método que melhor se adéque a sua realidade, seja um caderno de anotações, sejam planilhas ou aplicativos para ter controle dos seus ganhos, gastos fixos e demais gastos. Isso ajudará até a identificar despesas que você pode deixar de ter para poder ter mais alívio financeiro. 

Feito isso, você terá a possibilidade de saber quanto pode separar por mês para pagar a dívida do cartão de crédito. 

2.     Ciente de como estão suas contas e quais são suas possibilidades, entre em contato com a operadora do cartão. Seja realista: não precisa ter receios ou vergonha de sua situação; tenha interesse em buscar uma negociação que esteja dentro de suas possibilidades. Obtenha todas as informações acerca de sua dívida, anote, questione, demonstre o efetivo interesse em negociar e busque descontos. Não tenha pressa em finalizar a negociação na hora e, antes de finalizá-la, reserve um tempo para poder avaliá-la novamente e ter a certeza de que caberá no seu orçamento. Se o valor combinado na negociação não couber no orçamento, você pode se complicar de novo e não conseguir sair do mau endividamento. Então, pense com calma. Não coube no seu bolso? Entre novamente em contato com a operadora e renegocie.  

3.     Sabendo quais são as condições que conseguirá negociar via operadora do cartão, avalie alternativas. É sempre válido comparar outras modalidades de crédito antes de fechar o acordo. Existem opções de crédito com taxas que podem ser mais atrativas do que a da operadora do cartão, tais como empréstimos consignados ou empréstimos com garantias (imóveis, veículos etc.), que podem ser excelentes alternativas para trocar uma dívida cara por uma mais barata. Nunca decida sua opção somente considerando a taxa de juros informada; as contratações nas instituições financeiras podem envolver outros custos, tais como seguros, tarifas, registros etc. 

Dica: para saber realmente quanto está pagando, veja o CET (Custo Efetivo Total), pois ele engloba tudo o que está envolvido. De forma mais simples, em situações de prazo igual, compare o valor da parcela; nem sempre a operação com a taxa de juros menor terá a parcela menor, justamente pelos outros custos cobrados na negociação. Preste atenção! 

4.     Siga cuidando da sua vida financeira e corte/reduza gastos desnecessários. Uma sugestão é estabelecer limites para determinados gastos. Também evite compras parceladas: parcelar é uma facilidade que permite a compra de bens que, se fossem comprados à vista, consumiriam boa parte do orçamento mensal; no entanto, parcelas a perder de vista podem levar ao descontrole financeiro. 

Lembre-se de que essa é uma etapa importante e transitória, um grande desafio que será difícil, mas no final você não terá apenas a sua situação com o cartão resolvida, terá muito mais. Terá a sua vida financeira organizada e, com esse controle, poderá até começar a guardar dinheiro e partir para novos rumos. Por que não? 

Felipe R. Martins é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial  Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected] 

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.  

Texto publicado no site Época Negócios em 14 de dezembro de 2021.

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