Seu Planejamento Financeiro

Vender minha casa para quitar as dívidas, é uma boa?

Estou pensando em vender minha casa para quitar meus empréstimos consignados. Eu gastaria todo o valor do imóvel e moraria em uma casa alugada. É uma boa alternativa?

Leandro Leite, CFP®, responde: 

Inicialmente, muito obrigado pela sua pergunta. A preocupação com as dificuldades financeiras e a procura por ajuda especializada, demonstra que você está disposto e engajado para buscar uma solução que cause o menor impacto possível e não prejudique sua prosperidade e formação de patrimônio.

Antes de qualquer posicionamento sobre uma possível solução para seu questionamento é extremamente necessário que você esteja consciente de que na maioria das vezes os problemas financeiros surgem quando não há um planejamento eficiente. A organização financeira passa por várias etapas e demanda uma mudança de comportamento com relação a forma com a qual você e sua família lidam com o dinheiro. As dívidas e empréstimos podem ser saudáveis desde que planejados.

Várias manobras são possíveis para que problemas financeiros possam ser corrigidos, no entanto é muito importante que todas informações estejam à disposição para que as soluções possam ser desenhadas.

Para que sua pergunta possa ser respondida de forma eficiente, é extremamente importante que algumas informações sejam apresentadas previamente, como por exemplo: Qual é o prazo, a taxa de juros e o saldo devedor do empréstimo consignado? Qual o valor de venda do imóvel? Qual será o custo com o corretor de imóveis? Qual será o valor de imposto de renda pago na venda? Esse imóvel está quitado? Qual o valor de aluguel e condomínio que pretende pagar? Qual foi a valorização média dos últimos 5 anos na região onde o seu imóvel se encontra? É uma região promissora? Talvez você chegará a conclusão que os valores gastos com (aluguel + condomínio), poderão ser superiores aos valores pagos nas parcelas de seu empréstimo.

A solução para essa questão pode não ser simples. Não existe uma resposta ou solução definitiva. É necessário um maior aprofundamento tanto de números como de propósitos e momento de vida atual.

Após o levantamento das informações acima listadas, sugiro que faça uma varredura em seus gastos mensais com o objetivo de verificar se não existem itens de consumo que possam ser ajustados ou supressos antes de sacrificar o patrimônio. Dê valor aos pequenos gastos que podem estar drenando as suas finanças. Reforço a importância dessa tarefa, pois geralmente quando todas linhas são analisadas no detalhe, existe uma grande possibilidade de descobrir itens que podem ser reduzidos ou até eliminados de forma definitiva ou temporária.

É uma tarefa árdua que exige paciência e boa vontade. Existem muitas planilhas disponíveis na internet para lhe ajudar nesse processo. Negociar com o banco a possibilidade de alongar o prazo e reduzir os juros também é uma possível alternativa. A comunicação, alinhamento e engajamento com a família se faz necessário. Todos devem se unir para solucionar o problema e estarem engajados e dispostos para contribuir.

Esta é uma decisão que poderá causar muitos impactos na sua vida financeira e familiar, portanto além de refletir e levantar todas informações necessárias para uma boa análise, sugiro que procure também a ajuda profissional de um planejador financeiro que poderá lhe ajudar com a leitura dos dados para lhe apresentar os possíveis caminhos que deverão ser percorridos.

O planejamento financeiro deve ser um hábito. Resolvido o problema, sugiro que inicie a construção de uma reserva de emergência. Esse é o primeiro passo para uma vida financeira saudável. Desejo-lhe boa sorte, e espero que consiga o quanto antes resolver a sua situação. O primeiro passo já foi dado. Agora será fundamental o seu empenho em buscar informações e levantar todos números relevantes. Não desista!

Leandro Leite é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros.
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As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Texto publicado no site Época Negócios em 13 de agosto de 2019.

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