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Por onde começar a diversificar os investimentos?

Meus investimentos em renda fixa estão rendendo muito pouco, mas tenho medo de investir em ativos mais arriscados. Por onde começar a diversificar?

Diana Benfatti, CFP®, responde:

A Renda Fixa é uma classe de investimentos ampla e diversa, com variados níveis de risco, instrumentos, indexadores, prazos… e rentabilidades. No entanto, é comum investidores acreditarem que a Renda Fixa se resume a ativos atrelados ao CDI ou à Selic, que são indexadores pós-fixados intradiários e representam apenas uma parte desse vasto universo.

Quando investidores falam em “ativos mais arriscados”, geralmente se referem à Renda Variável, que é uma classe de ativos em que não existe uma regra que predetermine sua rentabilização. Investidores compram os ativos por determinado preço e não sabem quando – nem por quanto – vão vendê-los. A oscilação de preços ao longo do tempo resulta em sua valorização ou desvalorização. Exemplos de investimentos em Renda Variável são ações, imóveis, câmbio e commodities.

Já os investimentos em Renda Fixa têm necessariamente regras predeterminadas de rentabilização e prazo de vencimento definido, em sua grande maioria. Se o prazo inicial for cumprido, não havendo resgate antecipado, a rentabilidade acordada também será cumprida. Caso contrário, haverá a marcação a mercado, que é a precificação do ativo ao valor pago pelo mercado naquele momento, podendo gerar lucro ou prejuízo ao investidor.

Na Renda Fixa os rendimentos não são necessariamente fixos, a não ser que a taxa de remuneração seja pré-fixada e o prazo original do investimento seja cumprido. A indexação por CDI, Selic, IPCA, IGPM, TR etc. é parcialmente ou totalmente pós-fixada, portanto, o investidor só saberá seu rendimento no vencimento final da operação, mesmo sendo a regra de rentabilização antecipadamente conhecida.

Considerando a variedade de ativos de Renda Fixa disponíveis no mercado, com suas diversas combinações de riscos, indexadores e prazos, é possível começar a diversificar os investimentos dentro dessa classe, para depois partir para outras classes de ativos, escolhendo bem as opções que se encaixem no perfil de tolerância ao risco e projetos de vida. A carteira de investimentos deve ser cuidadosamente montada para que o investidor possa ser provido de liquidez imediata para as oscilações de fluxo de caixa do dia a dia e emergências, e liquidez futura para projetos futuros, considerando o prazo e valor para cada um deles.

O nível de risco dos ativos de Renda Fixa é bastante diverso. Portanto, apesar de os investidores associarem os “ativos mais arriscados” à Renda Variável, determinados investimentos em Renda Fixa também podem ser classificados como tal. Os títulos de Renda Fixa são instrumentos de dívida e o investidor, que é credor, se expõe a diversos tipos de riscos, sendo os mais relevantes: o risco de inadimplência do emissor (risco de crédito); o risco de oscilação de preço dos ativos (risco de mercado); a possibilidade de venda ou resgate antecipado do ativo (risco de liquidez).

Quanto maior o risco do ativo, maior deve ser o seu retorno esperado. O “prêmio de risco” é o retorno adicional requerido sobre a “taxa de mercado”, que representa a teórica taxa livre de risco da economia, sendo o rendimento mínimo esperado para ativos de muito baixo risco. O risco de crédito do emissor e o risco de liquidez dos ativos requerem um prêmio sobre a taxa de mercado, sendo a assunção desses riscos uma alternativa para aumentar a rentabilidade. No entanto, a análise de crédito de ativos é uma atividade complexa, feita por especialistas. Bons fundos de investimentos são uma alternativa para obter gestão profissional com análise de crédito e possibilidade de diversificação do risco.

O custo de oportunidade do dinheiro no tempo depende do prazo do investimento. A chamada curva de juros representa a taxa de mercado para diferentes prazos ao longo do tempo. A variação da taxa da curva para o prazo do investimento, durante a vida do ativo, reflete o seu risco de mercado. 

Como a incerteza futura atribui risco à operação, o formato mais “natural” da curva é positivamente inclinada, com taxas de juros mais altas para prazos mais longos. No entanto, há momentos em que a curva assume outros formatos. As taxas ao longo da curva podem ser muito diferentes das taxas intradiárias (CDI e Selic). Atualmente a curva de juros brasileira está bastante inclinada; consequentemente, o alongamento de prazo dos investimentos é mais uma das formas de buscar maior rentabilidade.

A ajuda de um profissional de investimentos autorizado pode ser muito bem-vinda para montar uma carteira de investimentos adequada às necessidades do investidor.

Diana Benfatti é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

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Texto publicado no site Época Negócios em 08 de dezembro de 2020.

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