Seu Planejamento Financeiro

Vale a pena fazer um empréstimo para pagar um curso de inglês?

Não consigo emprego porque não tenho inglês fluente, mas não tenho dinheiro para pagar um curso. Vale a pena fazer um empréstimo?

Priscila Telles, CFP®, responde:

Uma das célebres frases do mega investidor Warren Buffett é: “Invista em você mesmo. Enfrente qualquer que seja a sua dificuldade, e faça agora”.Quando analisamos um investimento, temos que identificar os riscos envolvidos,  prazo para retorno do valor investido e o retorno esperado. Diante dessas questões podemos analisar a viabilidade para se efetivar o negócio.

Como estamos tratando de um investimento que a origem do recurso é de terceiros, temos que considerar os custos envolvidos e a capacidade de honrar a nova obrigação assumida. Nesse caso, a expectativa de retorno depende de muitas variáveis: vagas disponíveis, aprovação em um processo seletivo, efetivação na função (prazo legal para apresentação de documentação obrigatória, treinamento, período de experiência…).  Percebe-se que contratar um Empréstimo sem a capacidade de pagamento suficiente pode trazer muitos prejuízos e até uma dificuldade para levantar esse recurso nas Instituições Financeiras ou taxas de Juros que deixem seu projeto ainda mais caro. 

Abordando diretamente o tema a resposta é: não devemos contrair dívidas sem capacidade de pagamento. Mesmo pensando por diversos prismas, observando um endividamento para formação, contando com uma renda futura como um investimento alavancado (com recursos de terceiros) e lembrando que o próprio Buffett já desaconselhou fortemente a alavancagem, ainda não achamos parâmetros que apoiem a empreitada, pois foge a qualquer controle de risco. Quais ponderações trazem essa conclusão? 

Primeiro, após o endividamento, quando seria a primeira parcela desta operação de crédito? Já seria possível auferir renda como consequência do investimento realizado? Possivelmente não. 

Segundo, qual o prazo de conclusão até a busca da fluência desejada? Essa resposta depende muito do seu atual nível de compreensão da língua. Aqui existe um espaço interessante de trabalho, pois há muito conteúdo gratuito disponível que talvez não leve a fluência, mas aproxima dela, reduzindo o tempo de formação e o investimento necessários. Mas quais caminhos nos conduzem a esse objetivo de maneira menos arriscada? Conseguir alguma fonte de renda que permita o dispêndio com essa formação; ou, um caminho bastante plausível, é conseguir uma vaga que não necessite dessa formação específica em uma grande empresa que patrocine o ensino de línguas para seus funcionários. Esse é um caminho muito interessante para a formação de forma geral no mundo corporativo. 

Para trazer competências comportamentais importantes ainda podem agregar formações diversas que sejam do seu interesse, como já registrou Max Gehringer: “O aprendizado se dá na vida prática”. E o guru Warren Buffett terminou a frase do início desse texto da seguinte forma: “Ninguém pode tirar o que você tem dentro de si mesmo”, explica o investidor. “Se você aumentar o seu potencial em 10%, 20% ou 30%, ao melhorar seus talentos, não vão poder cobrar imposto sobre isso. A inflação não pode tirar isso de você. Você terá isso pelo resto da sua vida”. Mas devemos buscar caminhos inteligentes e certeiros para atingirmos nossos objetivos e o planejamento é a peça fundamental para traçar o caminho. No nosso atual cenário e melhor caminho (mais barato e mais rápido) é dentro do mercado de trabalho, conseguindo formação pelas empresas, adquirindo experiência e sendo um profissional cada vez mais valorizado pelo mercado e ao longo desse caminho encontrará diversas formas de bolsas disponíveis, inclusive para MBA no exterior. 

Priscila Telles de Souza Lima é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certifield Finance Planner), concedida pela Planejar-Associação Brasileira de Planejador Financeiro. E mail: [email protected]

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Texto publicado no site Época Negócios em 03 de março de 2020.

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