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Com o que sobra do salário, não consigo pagar meus empréstimos. Como faço para reduzir os juros?

Gostaria de me informar a respeito de uns empréstimos que tenho. Hoje estou recebendo de salário apenas R$ 521,00 e só de aluguel pago R$ 440,00. Tem algo que eu possa fazer para reduzir os juros do empréstimo?

Vinícius Pires, CFP®, responde:

Caro(a) leitor(a),

Em primeiro lugar, você precisar montar um orçamento familiar com todas as receitas e despesas mensais da sua família, incluindo os valores das parcelas de empréstimos que paga mensalmente. Não deixe nenhuma despesa de fora. As anotações podem ser feitas numa planilha eletrônica, no computador ou celular, ou num caderno. O importante é você ter ciência de todas as suas receitas e despesas. Dada a sua situação atual, verifique todos os gastos não essenciais para a sua família e veja a possibilidade de diminuí-los ou até mesmo eliminá-los. 

Após anotar todos os seus compromissos mensais, a sugestão é que você analise os tipos de empréstimos realizados e quais as taxas de juros, valores das parcelas mensais, prazos e outros tipos de despesas acessórias realizadas nesses contratos. Caso você não possua uma cópia dos empréstimos, peça uma segunda via dos contratos e a Planilha do Custo Efetivo Total (CET) das operações para as instituições financeiras onde você realizou as operações. Todos os custos envolvidos nos empréstimos estarão descritos no CET de forma resumida.

As modalidades de empréstimo de débito em conta-corrente, cheque especial e rotativo do cartão de crédito são, em geral, as que possuem as maiores taxas de juros em comparação a operações que possuem algum tipo de garantia para o credor, tais como crédito consignado, financiamento de veículos e a antecipação do saque aniversário do FGTS.

De posse dessas informações, você deve entrar em contato com as instituições financeiras, verificar a possiblidade da contratação de linhas de crédito mais baratas, tais como o crédito consignado e a antecipação do saque aniversário do FGTS, por exemplo, e liquidar os empréstimos atuais que tenham as taxas mais caras e as maiores parcelas. 

Caso você não tenha disponíveis linhas de crédito com taxas menores como as citadas anteriormente, você precisará verificar, junto à instituição, quais as possibilidades de renovação/renegociação dos atuais empréstimos com uma taxa de juros menor do que a que você paga atualmente. Em caso de resposta negativa, verifique em outras instituições financeiras a possibilidade de portabilidade dos empréstimos que você possui com uma taxa de juros menor que as atuais. A portabilidade de crédito é a transferência de uma operação de crédito de uma instituição financeira para outra que ofereça condições mais vantajosas ao devedor. Nesse caso, o saldo devedor e o prazo da nova operação (quantidade de parcelas) devem ser idênticos ao saldo devedor atualizado do contrato e ao prazo remanescente. 

Em todos os casos citados acima, tente negociar, com o credor, uma carência para o início do pagamento dos empréstimos e o alongamento das dívidas de forma que os valores das parcelas pagas sejam menores do que você paga atualmente. A adoção dessa medida é importante para que você tenha tempo de restabelecer a sua renda ou estabelecer outras formas de conseguir aumentar a sua remuneração, além de diminuir o comprometimento do seu orçamento familiar mensal com o pagamento dessas parcelas. 

A situação atual exigirá muita paciência e pesquisa para fazer a melhor negociação possível. Assim que você conseguir equacionar a situação atual das suas finanças, trace um plano para constituir uma reserva de emergência e acelerar a quitação de suas dívidas, priorizando o pagamento antecipado daqueles contratos/empréstimos que possuem as maiores taxas de juros e daqueles que possuem as maiores parcelas. Boa sorte!

Vinícius Pires de Souza, CFP® é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial  Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

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Texto publicado no site Época Negócios em 12 de julho de 2022.

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