Consultório Financeiro

O que devo avaliar para escolher um investimento?

Tenho um filho recém-nascido e uma vontade grande de começar a guardar dinheiro para a faculdade dele. O que devo avaliar para escolher um investimento?

Luciano Teixeira Pinheiro, CFP®, responde:

Prezada leitora, em termos de escolha do investimento, precisamos considerar, no mínimo, quatro aspectos. São eles: o objetivo em razão do qual decidimos investir, o risco, a rentabilidade e, por fim, a liquidez do investimento.

Além disso, é importante que você já possua uma reserva para eventuais emergências durante o longo período de formação de reserva, de maneira que você não precise tomar crédito ou dilapidar o capital que pretender constituir para seu filho.

É preciso que você dimensione também a abrangência da sua decisão de custeio, ou seja, se sua intenção é formar uma reserva somente para pagamento das mensalidades da faculdade de seu filho ou se a ideia é formar uma reserva com maior robustez, capaz de suportar, adicionalmente, despesas de transporte, alimentação, livros e outras.

Também é importante que você avalie seu perfil de investidor, para que conheça o seu grau de aversão a riscos em investimentos. A maioria das instituições financeiras oferece, em seus sites, questionários para que o cliente possa ter um diagnóstico do seu grau de tolerância a perdas em aplicações financeiras.

Como se trata de reserva de longo prazo com um objetivo relevante para você, é essencial diversificar seus investimentos, tanto para assumir um pouco mais de risco com parte desse capital, objetivando ganhos maiores no longo prazo, como também para diluir os diversos riscos que derivam das aplicações, como, por exemplo, os riscos de mercado, de crédito, de emissor, o risco soberano, o operacional e o de liquidez.

A liquidez, grosso modo, é o grau de facilidade com que o detentor de um ativo qualquer (cotas de fundos, ouro, ações, veículos, imóveis) consegue convertê-lo novamente em dinheiro no mercado.

Assim sendo, mesmo já possuindo uma reserva para possíveis emergências, é importante certificar-se do prazo de resgate de cada investimento.

Com relação às classes de ativos voltadas para investimentos a longo prazo, podemos citar algumas, como: títulos públicos federais com vencimento longo, fundos com exposição à renda variável e, ainda, aplicações em previdência privada, que podem oferecer tributação reduzida sobre os rendimentos após dez anos, quando escolhida a tabela regressiva de tributação.

Com relação à rentabilidade, apesar de o histórico de retorno do investimento não representar garantia de rentabilidade futura, serve como um bom balizador da qualidade do gestor que o administra, bem como permite avaliar a consistência de seus retornos.

O investidor também deve estar atento a todos os custos envolvidos nas aplicações selecionadas, como taxa de administração, taxa de performance, taxas de entrada e saída, taxa de carregamento, tarifas de custódia e, também, a alíquota de imposto de renda que incidirá sobre os ganhos, dependendo do tipo de aplicação e do prazo de permanência nela.

É relevante, também, considerar a contratação de um seguro cujo capital segurado supra as necessidades do filho, na eventualidade de falta de seus provedores. Vale destacar que, diante de uma capacidade de poupança restrita, a formação de reserva para sua aposentadoria pode acabar sendo negligenciada.

O mais importante, contudo, é jamais abandonar o hábito positivo de poupar, com regularidade, uma parte de seu capital para alcançar esse objetivo.

Luciano Teixeira Pinheiro é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 19 de novembro de 2017

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