Consultório Financeiro

O que é melhor: imóvel pronto ou na planta?

Tenho 24 anos e no momento pago aluguel. Quero comprar minha casa própria e, atualmente, guardo aproximadamente 40% do meu salário na poupança todo mês, pois quero dar o maior valor possível de entrada no imóvel! Queria saber se a poupança é a melhor opção? Se o melhor a fazer é comprar um imóvel na planta e pagar aluguel e as prestações, ou comprar um pronto e pagar só as prestações? Qual o valor mais vantajoso, em percentual, para dar de entrada no imóvel?

Jailon Giacomeli, CFP®, responde: 

Caro leitor, antes de responder as suas perguntas, vou levantar um ponto importante para sua reflexão: você tem perspectiva de morar neste mesmo lugar por pelo menos cinco anos? Se a resposta for não, talvez não seja o melhor momento de comprar um imóvel. 

Explico melhor. Mesmo que seja um apartamento usado e com algumas mobílias, você provavelmente vai gastar um pouco para deixá-lo “com a sua cara”. Além disso, você terá despesas com cartório e o imposto de transmissão (ITBI) no momento da compra. Portanto, é preciso avaliar se realmente esta será sua moradia por um tempo que justifique estas despesas.

Dito isso, vamos às suas dúvidas.

1. Caderneta de poupança é a melhor opção? Para lhe dar uma resposta mais precisa é necessário saber em quanto tempo você pretende dar a entrada no imóvel. Se o prazo for inferior a 12 meses, uma ótima opção seria aplicar em títulos públicos pós-fixados, como a LFT (Letra Financeira do Tesouro).

2. Comprar na planta, ou comprar pronto? Do ponto de vista financeiro, seria mais interessante comprar na planta e continuar pagando aluguel por algum tempo. Para chegar a essa conclusão fiz a seguinte simulação:

Imóvel pronto: entrada de 20% e o saldo financiado em 360 meses a juros de 9% ao ano. Considerei o imóvel se valorizando à inflação nos próximos 24 meses – esta é realmente uma expectativa de alguns especialistas para muitas regiões do país.

Imóvel na planta: mesmo valor de compra do imóvel pronto, sendo 40% pagos em 24 parcelas iguais até a entrega das chaves. Para este caso, a valorização do imóvel foi estimada em 20% acima da inflação no período. Incluí nessa conta também um custo mensal de aluguel de 0,4% do valor do imóvel durante os 24 meses.

O resultado foi que, seguindo condições como essas, comprar um imóvel na planta e viver de aluguel até a entrega das chaves gera 19% a mais de riqueza para o seu bolso do que comprar um imóvel usado. Para os cálculos, foi usado o método do VPL (valor presente líquido), com taxa de desconto de 8% ao ano.

Por exemplo, para um imóvel de R$ 400 mil você geraria aproximadamente R$ 75 mil de riqueza se optasse pelo imóvel na planta. Porém, é importante ressaltar que:

– Assume-se um risco ao comprar o imóvel na planta. Mesmo que a construtora seja sólida e tenha bom histórico, a obra pode atrasar e não sair do jeito que você imaginava;

– Você está abrindo mão de morar em definitivo no seu imóvel e continuará morando de aluguel durante os próximos dois anos pelo menos;

– Normalmente as pessoas gastam mais com reforma e mobílias em imóveis novos, pois desejam montar o “imóvel dos sonhos”. Isso muitas vezes fura o orçamento e não valoriza o imóvel na mesma proporção do valor gasto.

3. Qual percentual para dar de entrada é mais vantajoso? A resposta é “depende”! Se você está bem organizado financeiramente (sem dívidas) e já tem reserva de segurança para imprevistos, o valor da entrada deve ser o maior possível. Caso contrário, quite as dívidas que apresentam as taxas de juros mais altas e guarde uma reserva para emergências em um investimento de baixo risco e com liquidez diária (resgatável no mesmo dia), por exemplo, a caderneta de poupança.

Por fim, gostaria de parabenizá-lo pelo esforço para atingir seu objetivo financeiro e também pela bela capacidade de poupança mensal. Guardar 40% do que se ganha em um país emergente, com o consumo nos cercando todos os dias, não é tarefa fácil! Espero ter ajudado a esclarecer algumas de suas dúvidas.

Jailon Giacomelli é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 22 de julho de 2013

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