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O que fazer com o 13º salário?

Cléber Américo, CFP®, responde:

O melhor destino, ou o que fazer com o 13º salário, depende da situação financeira que você está agora. Simplificando, existem três cenários possíveis: estar endividado, estar no zero a zero (sem dívidas e sem recursos aplicados) estar com dinheiro sobrando.

Para cada cenário a resposta é diferente, assim, vou apresentar, de forma resumida, uma resposta para cada um dos cenários possíveis.

Para endividados

Ter dívidas não é, necessariamente, algo ruim. Se elas são fruto da compra de um imóvel e estão dentro do orçamento, esse endividamento não é necessariamente negativo.

Porém, em algumas situações, as dívidas parecem fugir do controle, e estouram o orçamento. Nesses casos, escreva em uma folha todas as dívidas, com valores totais, valor da parcela, a taxa de juros contratada e a quantidade de parcelas que falta pagar.

Esse mapeamento será uma excelente ferramenta de auxílio na escolha de qual dívida pagar.

Tenha atenção às dívidas com os maiores juros, como por exemplo, o cheque especial. No entanto, ao escolher quitar uma dívida, é importante observar o CET – Custo Efetivo Total – de cada uma das operações. Isto é, o custo final total que considera, além dos juros, outros encargos e despesas relativas à operação de crédito, a saber: tarifas, seguros e custo de contrato. Assim, é possível que um empréstimo que tem juros nominais mais elevados, tenha um Custo Efetivo Total menor que uma outra operação. Lembre-se também de negociar descontos, tanto para quitar dívidas quanto para pagamentos parciais (amortizações).

Para quem nem está devendo mas também não tem sobra

Neste caso a dica é lembrar que logo depois das festas de final de ano muitos compromissos financeiros “aparecem”: IPVA, IPTU, material escolar, etc.

Antes de gastar todo o 13º com presentes, comemorações de fim de ano e viagens, lembre-se das contas listadas acima.

Se possível, por não ter dívidas para quitar, aproveite o dinheiro extra para iniciar a boa prática de ser um investidor frequente. Comece aplicando parte do seu 13º para criar uma reserva financeira, pois muitas vezes somos surpreendidos com “imprevistos”. Ter uma reserva financeira para enfrentá-los, normalmente, faz muita diferença. o motivo das aspas na palavra imprevisto Se deve ao fato de que os acontecimentos que mais “surpreendem” as pessoas e as famílias, são, geralmente, previsíveis. Ninguém está livre de passar por um momento difícil como, enfermidade pessoal ou familiar, desemprego, etc. sendo assim podemos prever e nos planejar para muitos desses eventos. Por essa razão ter uma reserva financeira é uma forma de estar mais seguro no caso de passar algum “perrengue”.

Para superavitários

Pessoas que já tem feito sobrar dinheiro no mês a mês, imagino que estejam aplicando estes recursos. Então o 13º é um recurso extra, que pode impulsionar a conquista de objetivos.

Ter uma vida financeira planejada é mais do que ter uma gorda conta bancária, é saber quais são os objetivos de vida, pois eles, então, estarão “dentro” das aplicações.

Se você é um aplicador, parabéns, não perca esse bom hábito. Mas, caso ainda não tenha um plano de vida definido, faço um convite para pensar nesse assunto, pois, o dinheiro é uma ferramenta, e não um objetivo.

Diversas são as possibilidades de aplicação, tesouro SELIC tesouro IPCA, CDB, poupança, Fundos de Investimento, ações e outros. Para saber qual é o melhor produto financeiro para aplicar, é necessário saber qual é o objetivo que você tem para esse recurso, por esse motivo é importante ter um plano de vida.

Para objetivos de curto prazo devemos buscar aplicações com maior liquidez e baixo risco. Já para objetivos de longo prazo, pode-se utilizar de investimentos com baixa liquidez e analisar a possibilidade de assumir um risco um pouco maior.

Cada produto financeiro tem características e detalhes próprios, que são importantes serem conhecidos, para alocar de forma coerente as aplicações em relação aos objetivos, e não ser surpreendido com alguma informação depois que já está com seu recurso aplicado, como a falta de liquidez de algum ativo, por exemplo.

Sem dúvidas, as dicas que servem para todos, independente da situação financeira que esteja, são:

– Priorize o uso deste recurso;

– Lembre-se das contas de início de ano;

– Procure guardar para realização de sonhos e objetivos de vida;

O segredo de um bom planejamento financeiro, é saber equilibrar os desejos imediatos, com as necessidades futuras. A vida é vivida no momento presente, assim precisamos de investir em momentos e experiências no presente, porém sem deixar de poupar para os desejos e planos futuros.

Cléber Américo Castro e Souza é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. Email: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Texto publicado no site Época Negócios em 14 de novembro de 2017

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