Seu Planejamento Financeiro

O que preciso saber antes de aplicar em um fundo?

 Marisa Dornelles, CFP®, Responde:

Para a resposta a seguir, serão considerados apenas os fundos de investimento regidos pela Instrução CVM 555/14, ou seja, não serão abordados outros tipos de fundos, como os fundos imobiliários e os fundos de previdência privada.

Dito isso, um fundo de investimento é um tipo de investimento coletivo constituído na forma de um condomínio, organizado por instituições financeiras, do qual o investidor compra uma cota. Ele recebe a valorização (ou desvalorização) dessa cota no período em que o valor ficar investido. É uma forma mais acessível de investimento para pessoas que ainda não conhecem todas as nuances e variáveis que envolvem o mercado financeiro.

Ainda assim, ao investir em fundos de investimento é interessante ter um conhecimento básico para que esse investimento possa trazer retornos mais adequados em relação aos objetivos pessoais de cada investidor.

Entre as informações relevantes, destaca-se que os fundos são compostos por ativos financeiros, como ações, títulos públicos e títulos privados. E, dependendo dos ativos que compõem os fundos, eles são classificados como fundos de Renda Fixa, de Ações, Cambiais ou Multimercados. 

A maior vantagem de investir através de fundos é a gestão profissional. Uma equipe de especialistas no assunto seleciona os ativos e, dessa forma, o investidor não precisa se preocupar em escolher os melhores papéis em cada modalidade.

O que rege a escolha dos ativos que compõem a carteira de um fundo é a política de investimento que o fundo utilizará para atingir os objetivos estabelecidos. Tanto a política quanto os objetivos devem estar descritos no regulamento do fundo, documento utilizado para nortear a seleção dos ativos pela equipe gestora. 

Os fundos têm diferentes características, que serão brevemente apresentadas a seguir:

FUNDOS DE RENDA FIXA: são aqueles que compram ativos relacionados à taxa de juros, a um índice de preços ou a ambos. Esse ativos financeiros são, na sua maioria, os chamados títulos de renda fixa, podendo ser títulos públicos, títulos privados emitidos por instituições financeiras (CDB, LCA etc.) e títulos privados emitidos por instituições não financeiras (CRI, CRA, debênture etc.), sendo que os títulos privados possuem risco de crédito. Podem ser subclassificados como de Curto Prazo, Simples, Referenciado, de Dívida Externa e de Crédito Privado.   

FUNDOS DE AÇÕES: são recomendados para investidores com perfil mais arrojado. Apresentam mais riscos, pois são atrelados às variações do mercado acionário. Possuem maior volatilidade, porém apresentam expectativa de maior retorno. É importante analisar a composição desses fundos, pois existem diferentes tipos de gestão: alguns são classificados como ativos e procuram superar um índice de referência, e outros são classificados como passivos, que têm como objetivo replicar o comportamento de um índice de referência, como o Ibovespa.  

FUNDO CAMBIAL: são fundos que compram papéis atrelados à variação de preços de moedas, como euro ou dólar. São bastante voláteis, pois a variação das moedas depende de muitos fatores, nacionais e internacionais.

FUNDOS MULTIMERCADO: são aqueles que podem investir em ativos de diferentes mercados – renda fixa, câmbio e ações – e utilizar derivativos tanto para alavancagem quanto para proteção da carteira.  Os fundos multimercado têm maior liberdade de gestão e em geral buscam rendimentos mais elevados. Por isso, podem ser mais arriscados que outras classes de fundos.  É recomendado estudar as características de cada tipo de fundo multimercado para ver se são adequadas ao perfil e ao objetivo do investidor.  

É importante, também, ficar atento à taxa de administração, que corresponde a um percentual expresso ao ano, mas provisionado diariamente, afetando o valor da cota. Essa taxa é cobrada pelo administrador do fundo, objetivando remunerá-lo pela gestão da carteira. Além disso, pode haver uma comissão (rebate) para a instituição que distribui as suas cotas.

E, por fim, você deve conhecer as regras de tributação, que são diferentes para cada tipo de fundo. No caso dos fundos de ações, incidem 15% de IR sobre a rentabilidade, apenas no momento do resgate.

Já nos demais fundos, o imposto incide sobre o rendimento de acordo com a tabela regressiva de Imposto de Renda: 22,5% sobre o lucro em aplicações de até 180 dias, 20% em aplicações de 181 a 360 dias, 17,5% em aplicações de 361 a 720 dias e 15% em aplicações acima de 720 dias. Nesses fundos também ocorre a cobrança semestral de imposto de renda conhecido como come-cotas, na alíquota mínima de 15%, que ocorre no último dia útil dos meses de maio e novembro. A exceção são os Fundos Renda Fixa classificados como de Curto Prazo, nos quais a alíquota mínima é de 20%.

Espera-se que essas explicações ajudem você a escolher o fundo de investimento mais adequado ao seu objetivo de vida e ao seu perfil de investidor. 

Marisa Dornelles é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiro. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Texto publicado no site Época Negócios em 18 de maio de 2021.

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