Seu Planejamento Financeiro

O que preciso saber antes de investir em criptomoedas?

Felipe Borges, CFP®, responde:

Antes de apresentar as vantagens e desvantagens na compra de criptomoedas e como o seu investimento pode ser feito é importante definir o conceito de criptomoedas para você.

As criptomoedas são moedas digitais, criadas em 2008, por um programador com pseudônimo de Satoshi Nakamoto. São códigos virtuais, que podem ser convertidos em valores reais, e que são protegidos pela criptografia e pela tecnologia de blockchain, que garantem a segurança de todas as transações, que são feitas 100% pela internet.

O sistema de blockchain é uma espécie de livro-registro, descentralizado, público e compartilhado, que permite que todos os usuários chequem as operações que acontecem a todo momento, de forma transparente.

A negociação de criptomoedas ocorre com comunicação direta entre as partes (quem compra e quem vende), sem a regulação do Estado ou a interferência de qualquer autoridade financeira e sem o pagamento de taxas.

Apesar de terem sido criadas em 2008, a ascensão das criptomoedas ocorreu em 2017, pela supervalorização do Bitcoin – a primeira criptomoeda a ser lançada. Em 2011, essa moeda digital era comercializada no valor aproximado de R$ 38 e em dezembro de 2017 chegou a valer R$ 55.000, uma rentabilidade de 150.000% em 6 anos.

Para ficar mais claro, se você tivesse comprado R$ 1.000 de Bitcoin em 2011, você chegaria em 2017 com R$ 1.500.000. Parece loucura né? Mas aconteceu.

Por essa valorização e pelo grande volume de transações, o Bitcoin é hoje a criptomoeda mais conhecida e uma referência para o mercado digital, sendo usada como base para calcular o preço das outras moedas à venda. Se comporta de forma semelhante ao dólar no mercado financeiro.

No entanto, em 2018, por exemplo, o Bitcoin apresentou uma queda de 50% de seu valor de mercado. Em janeiro estava valendo em torno de R$ 45.000 e em outubro já valia aproximados R$ 25.000.

O Bitcoin não é a única moeda existente ou considerada a melhor de se investir. Existem hoje milhares de outras moedas digitais registradas no mercado virtual, que são chamadas de altcoins, como é o caso da Ethereum e da Ripple.

Mas a criptomoeda é uma onda passageira? Vale a pena investir nesse mercado?

Em alguns lugares do mundo, a criptomoeda já é sim uma realidade de investimento. O mercado brasileiro também já lançou inúmeras criptomoedas. Algumas grandes empresas inclusive aceitam o pagamento de compras de bens e serviços por meio dessas moedas digitais.

Não se sabe exatamente qual o futuro das criptomoedas, porém cada vez mais o interesse aumenta sobre como realizar esse tipo de investimento. Antes de tudo entenda seu perfil de investidor e saiba que sua perda pode ser de 100%, mas ATENÇÃO: isso deve ser feito com consciência e cuidado. Há casos já nos noticiários de esquemas de pirâmides financeiras que dizem investir em criptoativos.

Como as oscilações são consideráveis, com quedas e altas diárias, as criptomoedas não são um investimento seguro, que você deve fazer esperando recolher dividendos pelo resto da sua vida. Moedas não são ativos. Não geram renda. E também não são um investimento para ser comprado hoje e vendido amanhã.

Por isso, primeiro é importante definir um percentual do seu patrimônio financeiro que você irá investir em criptomoedas. De início, eu aconselharia um percentual máximo em torno de 0,5%. Feito isso, o segredo é diversificar. Sugiro que você não compre todo o percentual de uma só vez. Dilua esse valor ao longo de um período de tempo, por exemplo, 12 meses, e faça suas aquisições aos poucos, para ir acompanhando o funcionamento do mercado, comprando novas moedas ou trocando de uma para outra. 

Dessa forma, você diminui os seus riscos, restringindo apenas uma pequena parte do seu patrimônio ao risco, que podem dar um retorno grande no futuro, e mantendo a grande maioria do capital em outros investimentos mais tradicionais.

Felipe Borges é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site Época ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Texto publicado no site Época Negócios em 08 de outubro de 2019.

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