Consultório Financeiro

O que significa analisar meu perfil de risco?

Tenho 35 anos, sou solteira e trabalho em uma empresa multinacional. Acabei de quitar meu apartamento e agora estou conseguindo guardar dinheiro. O gerente do meu banco sempre diz que eu preciso responder a um questionário para conhecer o meu “perfil de risco”. Gostaria de entender melhor o que significa esse questionário.

Fabiano Pessanha, CFP®, responde:

Ao longo dos últimos 20 anos, período em que a economia brasileira passou por diversos planos econômicos, crises externas e muitas alterações no arcabouço regulatório, a indústria brasileira de fundos de investimento alcançou um elevado grau de maturidade. Hoje em dia, essa indústria é representada por nove mil fundos com patrimônio equivalente a 43% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

Com isso, atingimos um grande avanço de eficiência na alocação de ativos financeiros, resultando em um aumento do número de investidores aplicando via fundos. Em 2005, havia 2,4 milhões de brasileiros investindo em fundos. Hoje, são mais de 4,3 milhões, um aumento expressivo (de cerca de 80%) em seis anos.

No entanto, ciente da necessidade de um contínuo aperfeiçoamento, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) tornou obrigatória, por autorregulação, para os bancos comerciais a implantação de um questionário para identificar o perfil de risco dos investidores. Trata-se da chamada Análise de Perfil do Investidor (API), também conhecida como “suitability” na definição em inglês.

Com base nas diretrizes estabelecidas pela entidade, cada banco elaborou o seu questionário, que tem por objetivo analisar informações sobre a situação financeira do investidor, sua experiência em investimentos e seus objetivos e prazos com as aplicações.

Após a analise combinada desses dados, os clientes são classificados de acordo com seu perfil, cabendo a cada instituição adequar a intenção do investidor com as efetivas aplicações realizadas, orientando adequadamente o destino de suas economias.

Os perfis dos clientes em geral são classificados como:

Perfil Conservador:

Cliente que busca, acima de tudo, segurança em seus investimentos. Perfil voltado para aplicações em renda fixa como caderneta de poupança e fundos de renda fixa e referenciados DI.

Perfil Moderado:

Cliente que busca correr um pouco de risco para obter ganhos maiores que os índices de inflação. Esse perfil sugere aplicações em fundos de renda fixa (referenciados DI e crédito privado) e fundos multimercados. Nesse perfil também é possível aplicar uma pequena parte em fundos de ações.

Perfil Agressivo:

Cliente que pode correr um pouco mais de risco para obter ganhos no médio e longo prazos. Nesse perfil, o cliente pode disponibilizar uma parcela maior de seus investimentos em fundos multimercados e de ações.

Com isso, a legislação brasileira deu importante passo ao avançar na implantação de praticas já adotadas em mercados financeiros mais avançados como na Europa e nos Estados Unidos. Segundo essa nova regra, ao identificar divergências entre essas aplicações e o perfil do investidor, cabe ao banco orientar o cliente a realocar os ativos da carteira de investimentos.

Dessa forma, é possível verificar o aumento da chamada alocação eficiente dos clientes, aumentando sua segurança e a transparência com das instituições financeiras. Os clientes se beneficiam porque, em tese, não escolherão produtos que tenham um nível de risco acima do que estão dispostos a correr; e as instituições financeiras também porque evitam ser acionadas judicialmente por investidores que eventualmente tenham perdas, reduzindo os custos administrativos com processos.

Fabiano Pessanha é Planejador Financeiro Pessoal e possui a Certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: fabiano.pessanha@gerafuturo. com.br.

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para : [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 07 de maio de 2012.

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