Seu Planejamento Financeiro

“Onde investir R$ 300 mil que não tenham um de alto risco?”

Diego Flavio dos Santos, CFP®, responde:

Em um mundo cada vez mais conectado e interligado, em que existem reflexos e impactos quase imediatos na vida das pessoas, a recomendação é a diversificação entre classes de ativos. O grau de alocação em cada classe irá variar de acordo com o perfil de cada investidor e as questões pessoais e particulares para se chegar à melhor tomada de decisão. O nível de tolerância a riscos e oscilações, o momento de vida e a necessidade de liquidez com horizonte de prazo são exemplos a considerar.

Caso o valor de R$ 300 mil seja a única reserva financeira a investir, o ideal é primeiro constituir uma reserva conservadora de liquidez para casos de emergências e necessidades de curto prazo. É indicada a utilização de investimentos de renda fixa pós-fixados que acompanhem a taxa de juros, de menores riscos e de fácil movimentação, como CDBs DIs, Fundos DIs e o Tesouro Selic. Posteriormente, abre-se a possibilidade de explorar as demais opções e classes de investimentos para ampliar a diversificação, e melhorar a eficiência de rentabilidade da carteira de investimentos e o balanceamento de riscos.

O cenário atual e futuro é de tendência de alta na taxa de juros (Taxa Selic), além de uma inflação resistente acima do teto da meta do Banco Central. Dessa forma, é interessante investir também parte do valor na classe de renda fixa de Inflação, em títulos de IPCA+, como os CDBs IPCA ou os Títulos Públicos de Inflação, desde que se disponha de maiores prazos de permanência para esse volume. Para investimentos em CDBs até o volume de R$ 250 mil por emissor, há a cobertura e a segurança do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

Investimentos diretamente em Bolsa de Valores podem apresentar grandes oscilações ao longo do caminho. Porém, há várias opções intermediárias e de menores riscos, como os Fundos Multimercados, que possuem uma diversidade muito grande de opções. Podem atuar dentro e fora do país, com estratégias diversas e amplo balanceamento de riscos, inclusive com algumas opções 100% internacionais para balancear o risco-Brasil.

 Dessa forma, a recomendação de investimentos para um perfil conservador é em torno de 75% do valor na classe de renda fixa pós-fixada, cerca de 10% em renda fixa de inflação e aproximadamente 15% em multimercados. Para um perfil moderado, em torno de 40% em renda fixa pós-fixada, cerca de 15% em renda fixa de inflação, em torno de 25% em multimercados, aproximadamente 11% em fundos ativos de ações, que buscam superar o índice Ibovespa, e em torno de 9% em fundos internacionais para balancear o risco-Brasil. Para os perfis arrojado e agressivo, que aceitam maiores riscos, é possível incluir um percentual maior nas classes de inflação, multimercados, ações e internacionais.

A classificação de perfil de risco diante do percentual das classes de ativos pode variar dependendo da instituição financeira, assim como a percepção do conceito de risco pode variar de investidor para investidor.

Risco é a probabilidade de insucesso de determinado projeto em função de algum acontecimento eventual, incerto, cuja ocorrência não depende exclusivamente da vontade dos interessados. Ou seja, inclui fatos e variáveis incontroláveis e que geram desconfortos.

Todos os dias o mercado reflete variáveis que causam volatilidade. A volatilidade é uma medida estatística que aponta a frequência e a intensidade das oscilações no preço de um ativo em um período determinado. Por meio dela, é possível ter uma ideia estimada da variação do preço do ativo ao longo do tempo. Um ativo marcado a mercado ajusta o seu preço mostrando com quanto em reais (R$ – BRL) é possível transformar esse ativo naquele momento no mercado.

Mas um ativo não oscilar não significa que não possua riscos. Também há o risco de crédito, que é o risco do calote, além do risco de liquidez, que é o de não se conseguir vender o ativo em um tempo razoável dentro da necessidade de utilização a um valor justo. Considerar apenas a volatilidade de um ativo como medida de risco é um erro.

Alguns investimentos possuem uma marcação diferente, a marcação na curva, que aparentemente não oscila. Na marcação na curva, a rentabilidade é calculada valendo-se de um processo de valorização contínua, acumulando a taxa de rentabilidade dia após dia.

Ao pensar em seu planejamento financeiro, conte com o apoio de um profissional para ajudar nessa jornada e adequar os seus objetivos às opções e classes de investimentos disponíveis no mercado.

Diego Flávio dos Santos é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. 

Texto publicado no site Época Negócios em 16 de novembro de 2021.

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