Seu Planejamento Financeiro

Pagar as dívidas ou investir? Saiba o que fazer primeiro

“Recebi um pagamento de R$ 10 mil, e tenho um empréstimo a quitar no mesmo valor. Se eu continuar pagando as parcelas, serão R$ 13,8mil. É melhor pagar à vista ou usar esse dinheiro para investir?”

Melissa Barros Carneiro, CFP®, responde:

Caro leitor, fazer investimentos financeiros é uma oportunidade excelente para quem busca alcançar a tão sonhada estabilidade financeira. Sempre queremos buscar formas eficientes de fazer o dinheiro render, mas é preciso antes saber olhar e cuidar de seu orçamento.

Se você tem dúvidas entre investir ou quitar sua dívida, a resposta geralmente é quitar a dívida. Isso porque os juros de dívidas costumam ser maiores que qualquer investimento, ou seja, o seu dinheiro acaba rendendo menos que o valor devido. A sugestão é feita porque grande parte dos investimentos, especialmente aqueles de baixo risco, possuem uma rentabilidade menor que as taxas de juros que são cobradas nas dívidas. Sendo assim, é muito difícil que você consiga ter uma rentabilidade que seja igual ou superior aos juros que você está pagando. Mas se mesmo assim, a opção for querer aplicar, é necessário fazer antes algumas análises em relação à taxa de juros de sua dívida.

 Para que você saiba escolher entre quitar dívidas ou investir o dinheiro, precisamos antes falar sobre dívida cara e ver se esse é o seu caso. As pessoas costumam imaginar que uma dívida cara é uma dívida que possui um saldo devedor grande ou mesmo prestações mais elevadas, porém, só isso não é verdade. Dívidas caras são, na realidade, aquelas que possuem as taxas altas de juros. Como por exemplo as dívidas de Cheque Especial, Cartão de Crédito, Crédito Pessoal, sendo preferível quitar a dívida ou usar o recurso para amortizar. Então, suponha por exemplo, que você tenha um empréstimo pessoal com taxa de juros mensal de 3% a.m. Se tiver uma aplicação que rende 0,5% a.m. é mais vantajoso quitar a dívida. Não é aconselhável ficar com uma aplicação que renda menos que os juros que você está pagando. E ainda tem um fator agravante, geralmente essas dívidas comprometem muito o orçamento familiar. Por isso o indicado é sempre fazer uma coisa de cada vez, ou seja, não invista antes de pagar suas dívidas.

 Claro que existem algumas exceções na qual se torna mais vantajoso começar a investir antes de pagar dívidas. Como é o caso das opções de crédito que possuem juros bastante baixos, normalmente subsidiados por alguma política pública, como crédito imobiliário para moradia popular, que além de juros baixos, possuem prazo longo. Outra exceção, são as prestações de veículos que foram contratadas por meio de Leasing, antecipar as parcelas, geralmente não é uma boa opção, pois não oferece um desconto significativo, ficando interessante investir o recurso.

Em relação à sua dívida, vale a pena analisar o desconto que foi concedido para quitar, um pouco mais de 27%. Além do desconto, ao quitar a dívida você terá mais tranquilidade para organizar melhor sua vida financeira, fazer um planejamento e quem sabe até usar a parcela que pagava por mês da dívida para investir com calma e mais segurança.

Mas se mesmo assim, você escolher investir, análise a taxa mensal do seu empréstimo, veja se não se enquadra nessas dívidas caras. Caso seja uma taxa de juros alta, lembre-se que sua Carteira de Investimentos tem que trazer um retorno que no mínimo pague a parcela da dívida todo mês, sem alterar o principal investido. E na hora de fazer o Investimento, não esqueça de fazer uma análise do seu perfil de Investidor, muito importante para você tomar qualquer decisão em relação a correr riscos. Geralmente quanto maior a rentabilidade, maior o risco. Então, tenha cuidado com riscos elevados, pois eles podem ocasionar a perda do capital investido e você ainda continuará com a obrigação de quitar a dívida.

Melissa Barros Carneiro é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial  Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

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Texto publicado no site Época Negócios em 16 de junho de 2020.

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