Consultório Financeiro

Planejador é médico da saúde financeira?

Ouvi um planejador financeiro outro dia comparando-se a um médico. Faz sentido essa colocação?

Caco Santos, CFP®, responde:

Prezado leitor, muito interessante a sua questão. Minha resposta é sim: o profissional que cuida da saúde física é o médico e o que cuida da saúde financeira, de preferência preventivamente, é o planejador financeiro.

Para ilustrar a comparação darei um exemplo sobre a saúde física, nossa conhecida. Em janeiro de 2019 passei por uma cirurgia para retirar um tumor benigno (felizmente!) da cabeça. Uma doença que foi lentamente se desenvolvendo, por ser assintomática. Talvez tenha levado cinco a dez anos, não dá para saber ao certo, crescendo sem eu sentir absolutamente nada.

Como essa, existem outras tantas doenças silenciosas e assintomáticas que, em determinado momento e por alguma circunstância, acabam se manifestando. Felizmente, a medicina avança rapidamente e cada vez há mais exames para diagnosticar uma enorme gama de enfermidades a tempo de serem tratadas. Às vezes curáveis, às vezes paliativos.

O que talvez você não saiba, ou nunca tenha parado para pensar, é que a saúde financeira é igualzinha à saúde física.

A prevenção, por meio de check-ups e diagnósticos precoces, normalmente leva a soluções mais eficazes e a tratamentos menos amargos, caros e dolorosos.

Um simples fato, que pode passar despercebido, já é sinal de uma doença sorrateira e invisível se instalando: alguém gastar o mesmo que ganha (independentemente do valor da renda)! Parece que está tudo bem, mas com o passar do tempo, quando a capacidade de gerar renda diminui (por questões físicas ou emocionais) a pessoa acaba não tendo dinheiro suficiente para cuidar de si, porque nunca guardou, e acaba dependente de outros (conhece alguém assim?). Mesmo para aqueles que guardam um pouco, será suficiente para realizarem tudo o que querem, incluindo um dia poder se aposentar com dignidade?

O mesmo paralelo de finanças e saúde física vale para o ciclo de vida. Qual olhar deveríamos ter em cada fase? Como se precaver em uma fase para não comprometer a seguinte?

Muitas pessoas saudáveis buscam profissionais para otimizar seu condicionamento físico e sua nutrição. Querem atingir o máximo desempenho. O seu dinheiro merece o mesmo cuidado! Mesmo que você acredite que tenha tudo em ordem e sob controle com suas finanças, provavelmente um profissional capacitado encontre pontos a melhorar.

Raríssimos são os casos em que não há algo a ser feito, fosse para resolver um problema (“doença” leve ou mais grave) ou propor uma melhora significativa em determinado aspecto.

Assim como os médicos, cada planejador pode ter suas particularidades, seu jeito de atender uma especialidade maior em determinada área (endividamento, aposentadoria, sucessão etc) apesar de todos buscarem sempre o melhor para o cliente.

Importante ressaltar quanto as saúdes física e financeira estão relacionadas. Uma influencia a outra: problemas financeiros podem acabar levando a doenças como depressão ou outras enfermidades, e problemas de saúde física podem levar famílias à ruína financeira, se não tiverem boas proteções.

Talvez você já tenha parado para pensar nisso. Mas talvez não imaginasse o que fazer para solucionar esse dilema porque desconhecia a profissão de planejador financeiro pessoal. E isso é normal, porque ela é muito nova no Brasil. Mas que bom que ela existe!

Cuide de sua saúde financeira e cuide de sua saúde física. Sua vida será certamente muito melhor!

Caco Santos é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 17 de junho de 2019.

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