Consultório Financeiro

“Previdência: tábua atuarial X rentabilidade”

“Pretendo usar minha previdência daqui a oito anos para provavelmente complemento de renda. O plano contratado é bem antigo e hoje existem opções de fundos de investimentos previdenciários mais rentáveis. Soube da questão da tábua atuarial do plano, mas não entendi a finalidade. Não sei se devo trocar o fundo para ter maior rentabilidade ou permanecer na tábua que contratei antigamente. Como posso fazer essa análise e tomar uma decisão?”

Lívia Sambrana CFP®, responde:

O estudo atuarial mede a expectativa de vida da população. É calculado de tempos em tempos e utilizado para diversos fins. Quanto mais antigo o estudo atuarial, menor a expectativa de vida. Entende-se que esse fato se dá pela modernização da medicina, tratamentos médicos, estilo de vida, maior preocupação das pessoas com a saúde etc.

Para os planos de previdência, levamos em consideração o estudo atuarial quando tratamos de pagamento de benefício por tempo indeterminado, quer dizer, na conversão do plano em benefício de renda vitalícia. Para cumprir os pagamentos, a seguradora precisa ter uma estimativa de quantos anos o beneficiário vai viver e simular a reserva necessária. O estudo atuarial nos planos de previdência é definido como tábua atuarial.

As tábuas mais antigas também contam com o chamado juro atuarial. É um percentual informado na contratação do plano que multiplica o montante acumulado no momento da conversão em benefício, fazendo com que a renda aumente ainda mais. As tábuas de hoje não têm esse juros. Além da tábua atuarial e dos juros, os planos de previdência têm fundos de investimentos com políticas e objetivos diferentes que fazem a reserva ter uma rentabilidade. Cada cliente pode escolher o fundo de acordo com o seu perfil de investidor, prazo de contribuição, gestão do fundo e taxas de administração.

Nos planos mais antigos, as opções de fundos são menores, porém as tábuas atuariais são melhores. Quanto mais antiga a tábua, maior será o valor mensal em função da expectativa de vida na época da contratação ser menor que nos dias atuais. O investidor recebe uma parcela mensal maior porque teoricamente viveria menos tempo.

Quando o investidor opta por um fundo diferenciado, que não esteja disponível na tábua atuarial do plano vigente, pode-se abrir um novo plano e fazer a mudança do fundo. Nesse caso, a tábua atuarial antiga é imediatamente perdida.

É nesse momento que se deve entender o objetivo do investidor. Caso o acúmulo da reserva tenha como finalidade exclusivamente a rentabilidade, vale mais a pena procurar um fundo com esse objetivo, independentemente da tábua. Caso o objetivo seja a sucessão de patrimônio, também vale a alteração para fundos mais rentáveis.

Mas se o investidor tiver como objetivo a renda complementar na aposentadoria, a situação deve ser muito bem analisada. É necessário verificar em qual tábua o plano foi aberto, os juros atuariais e simular o valor do benefício no final do plano dentro dessas condições. A mesma simulação deve ser feita nas condições da contratação nova. Desta forma, o investidor pode fazer uma comparação dos valores mensais recebidos.

Os planos de previdência podem ter carência e cobrar taxas de entrada e saída. Normalmente quanto maior o tempo de permanência no plano, menor ou isenta será a taxa para sair dele. O mesmo é avaliado com relação ao montante investido. Quanto maior o valor, menor a taxa de entrada.

Procure sempre um profissional de planejamento financeiro para fazer o estudo do caso e auxiliar na tomada de decisão.

Lívia Sambrana é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]r

As respostas refletem as opiniões da autora, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 21 de setembro de 2015

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