Consultório Financeiro

Quais as vantagens e desvantagens dos ETFs?

“Estou pensando em investir em ETFs e queria saber mais sobre eles. Quais as vantagens e desvantagens? Em que situações são indicados?”

Jaques Cohen, CFP®, responde:

Caro leitor, obrigado pela pergunta.

ETF é a sigla para Exchanged Traded Funds. São fundos de investimento que, ao invés de serem oferecidos pela sua corretora, gestora, ou banco, têm suas cotas comercializadas em bolsa de valores.

Esses fundos espelham algum índice de mercado, como o Ibovespa, o de algum setor da economia ou outros. Por isso, são diversos uns dos outros e, de acordo com os índices que espelham, podem se encaixar nas categorias de renda fixa ou variável.

Uma das vantagens dos ETFs é a de oferecer acesso a diferentes mercados de forma diversificada a um valor baixo.

Por exemplo, com o valor de uma cota do ETF que replica o Ibovespa, você já investe em todas as ações do índice e, assim, distribui o risco do seu investimento entre elas. Já o ETF que replica a bolsa americana é uma via rápida de acesso a um investimento dolarizado no exterior. Enquanto ETFs de renda fixa permitem a exposição a títulos públicos que não estão disponíveis para investimento no Tesouro Direto.

Outra vantagem é a taxa de administração, relativamente baixa em comparação com outros fundos de entrada – que não exigem grandes aportes – o que é bem relevante em tempos de Selic em mínima histórica.

Por espelharem índices, ETFs são considerados fundos passivos, em contraste com os ativos, que montam estratégias para tentar superá-los. Essa pode ser considerada tanto uma desvantagem quanto uma vantagem, já que para tentar superar indicadores, fundos ativos correm o risco de sequer atingi-los.

Muitos estudos colocam em xeque a capacidade da interferência humana em conseguir superar, com consistência, resultados obtidos por sequências lógicas programadas em computador – os chamados algoritmos. Fundos passivos não são algoritmos, mas levantar algum ceticismo sobre promessas de performance em fundos ativos, que são geridos por humanos como nós, com emoções, vieses e limitações, é saudável.

De outro lado, fundos ativos podem fazer melhor uso de informações de mercado e trabalhar com mais agilidade. Por isso, quando cobram taxas palatáveis e são administrados de forma atenta e dedicada por profissionais experientes, são uma alternativa interessante.

Por serem tão diversos uns dos outros, ETFs podem ser indicados para objetivos, estratégias e investidores diferentes, como forma de diversificação de portfólio. Existem opções para começar na bolsa; para considerar questões ambientais ao investir; e outros.

Mas nenhum dos ETFs disponíveis hoje no mercado é recomendado para a construção de reserva de emergência. Alguns – não todos – até possuem boa liquidez e podem ser vendidos no mercado com facilidade, mas ainda assim estão sujeitos a oscilações de preço. Até mesmo os de renda fixa, que ainda tem uma oferta mais tímida no Brasil.

No que diz respeito ao Imposto de Renda, nos ETFs de renda variável incidirá 15% sobre rentabilidade, enquanto nos de renda fixa o percentual depende do prazo dos títulos da carteira, variando entre 15% e 22,5%.

Com tudo isso em mente, ETFs podem ser boas opções, mas precisam ser considerados em suas diferenças e, como todo investimento, precisam de contexto dentro de um planejamento financeiro.

Por contexto, falamos da compreensão da sua realidade particular: seus objetivos, seu momento de vida, suas características ao lidar com investimentos, seu entorno pessoal e profissional, sua realidade em relação a pandemia que nos assola e a distribuição de outros investimentos que eventualmente tenha. Recomendo que comece por essas reflexões. Sozinho, com um colega ou com ajuda profissional. Elas são a base para avaliar se um investimento é bom para você.

Jaques Cohen é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 03 de agosto de 2020

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