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Quais títulos do Tesouro Direto dão mais rentabilidade?

Atualmente, qual dos títulos do Tesouro Direto me dará mais rentabilidade em um período de 5 anos?

Gabriela Birk Hansen, CFP®, responde:

O Tesouro Direto democratizou o acesso aos títulos públicos à pessoa física, ao permitir aplicações com valores a partir de R$ 30,00. Os Títulos Públicos Federais são considerados os investimentos de menor risco de crédito da economia, garantidos integralmente pelo seu emissor, o Tesouro Nacional. Por trás do Tesouro, há o Governo Federal que garante o seu pagamento. Ademais, possuem liquidez diária, uma vez que o Tesouro também garante a recompra dos títulos, a preços de mercado.

Antes de respondermos ao questionamento do leitor, é necessário elucidar as características de cada título.

1. Tesouro Prefixado (antiga LTN): sendo um título prefixado, você saberá antecipadamente a rentabilidade do papel no vencimento. Caso tenha comprado uma unidade, você receberá R$ 1.000 e, se for uma fração, será proporcional ao percentual adquirido. A rentabilidade compreende a diferença entre este valor e o valor pago na aquisição.
2. Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (antiga NTN-F): semelhante ao anterior, porém faz pagamento de juros semestrais, o que significa que ao longo do prazo do título haverá uma antecipação da rentabilidade contratada. O principal é pago no vencimento. Cabe destacar que sobre estes rendimentos semestrais há a incidência de imposto de renda de acordo com a alíquota regressiva (abaixo explicada).
3. Tesouro Selic (antiga LFT): título pós-fixado, indexado à taxa de juros básica da economia — Selic. Paga juros e o principal no vencimento. Possui volatilidade relativa, o que evita perdas ao investidor que resgatar o título antecipadamente.
4. Tesouro IPCA+ (antiga NTN-B Principal): título pós-fixado, indexado à variação da inflação (IPCA), além de pagar uma taxa de juros prefixada. Desta forma, o título proporciona uma rentabilidade real, visto o aumento do poder de compra da moeda. Assim, independentemente da variação da inflação, a rentabilidade total do título sempre será superior a ela, pois, se ela cair, o juros pré garante a rentabilidade real. O pagamento do principal mais os juros ocorre no vencimento do título. Cabe observar que para que isto seja verdadeiro o investidor deve manter o título até o vencimento, visto que seu resgate antecipado será a valor de mercado.
5. Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (antiga NTN-B): semelhante ao anterior, porém faz pagamento de juros semestrais e o principal no vencimento, o que significa que ao longo do prazo do título haverá uma antecipação da rentabilidade contratada. O principal é pago no vencimento. Ademais, cabe lembrar que há incidência de imposto de renda sobre os rendimentos.

Para chegarmos na rentabilidade real do investimento, que é o que de fato nos interessa, é necessário apurar os custos e imposto envolvidos em investimentos no Tesouro Direto.

1. Custos: podem ser cobradas duas taxas – uma da B3 e outra do agente de custódia (bancos ou corretoras). Quando o investidor compra títulos públicos, estes ficam guardados em uma conta de custódia na B3, aberta em seu nome pelo agente de custódia. A primeira taxa, da B3, que é igual em qualquer agente de custódia, não é isentável, sendo atualmente em 0,3% a.a. sobre o valor dos títulos. A segunda taxa, do agente de custódia, varia geralmente entre 0 e 2% a.a., sendo pactuada entre a instituição e seus clientes. Compreende um percentual do valor dos títulos, podendo ser isento ou cobrado do cliente.
2. Imposto de Renda (IR): os fatos geradores podem ser o pagamento de juros semestrais, o vencimento do título ou a venda (resgate antecipado). Assim como nos demais investimentos de renda fixa, quanto maior o prazo do investimento, menor é a alíquota de tributação, que varia entre 22,5% a 15% (para dois anos). Cabe lembrar também que investimentos resgatados antes de 30 dias possuem incidência de IOF.

Os títulos públicos são marcados a mercado, isto é, seu valor reflete o preço de negociação no mercado. Desta forma, uma queda nos preços faz com que o saldo do investidor caia, ao passo que uma valorização do preço faz com que seu saldo aumente. Assim sendo, ao resgatar antecipadamente, o investidor pode ter uma rentabilidade maior ou menor do que aquela contratada na compra, ou até prejuízo, dependendo do preço do título no momento da venda. Para elucidar, vamos usar como exemplo os títulos prefixados. Uma baixa na taxa de juros (Selic) faz com que o valor de mercado destes títulos se valorize, ao passo que uma alta faz com que os mesmos se desvalorizem. Em um cenário de aumento na taxa de juros e supondo uma necessidade de liquidez do investidor (resgate do título antes do vencimento), muito possivelmente haverá prejuízo em relação ao valor pago pelo título prefixado no momento da compra. Cabe aqui destacar que títulos mantidos até o vencimento têm como rentabilidade bruta aquela pactuada na compra.

Em termos de Brasil, apesar da manutenção do cenário benigno de inflação corrente, temos a incerteza da eleição presidencial, a continuidade das reformas estruturais (previdência, por exemplo) e da trajetória fiscal. Estas variáveis impactam significativamente na marcação a mercado dos títulos públicos. Caso a ideia não seja manter o título até o vencimento, o ideal é investir em títulos que acompanhem a Selic ou que possuam vencimento mais curto.

Entre as opções de investimento disponíveis no Tesouro Direto, o investidor deve escolher aquelas cujas características sejam mais adequadas ao seu perfil. O Simulador Financeiro do Tesouro Direto auxilia você na escolha do título de acordo com o objetivo financeiro, prazo de investimento e perfil (do rendimento) — saber exatamente quanto vai ganhar (Tesouro Prefixado) ou preservação do poder de compra (Tesouro IPCA).

Gabriela Birk Hansen é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site EpocaNegocios.globo.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Texto publicado no site Época Negócios em 23 de outubro de 2018

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