Consultório Financeiro

Qual é o investimento indicado para cada perfil de risco?

“Sempre me falam para montar uma carteira de acordo com o meu perfil de investidor, mas estive falando com meus amigos e percebemos que nunca sabemos o que isso significa na prática. Qual percentual eu posso investir em renda variável se eu for moderado? E se eu for conservador? Devo ainda assim investir um pouco nesses papéis? Quanto? Se eu for arrojado, mesmo assim devo considerar limites? Quais?”

Silvia Regina Valim, CFP®, responde:

Prezado leitor(a),

Recomendar um investimento sem considerar sua adequação ao perfil e às necessidades do investidor é equivalente a receitar um tratamento sem conhecer e fazer um diagnóstico do paciente. Assim, sua preocupação é relevante, pois o conceito de “suitability”, ou seja, alinhamento do portfólio do investidor ao perfil e aos objetivos de investimento, é o coração da estratégia de investimentos e pode ajudar a garantir tranquilidade com relação às decisões tomadas.

Segundo a Resolução CVM nº 30, que dispõe sobre o dever de verificação da adequação dos investimentos ao perfil do cliente, as instituições financeiras não podem recomendar produtos, realizar operações ou prestar serviços sem verificar sua adequação ao perfil do cliente.

Para seguir essa norma, são criados questionários que buscam identificar o perfil do investidor, avaliando sua situação financeira (renda e patrimônio), objetivos, prazo durante o qual deseja manter o investimento, nível de conhecimento dos produtos e preferências quanto a assumir riscos.

Cada instituição formula o seu questionário e estabelece categorias de perfil de investidor, como por exemplo conservador, moderado e arrojado. Além disso, as instituições analisam e classificam todos os produtos de investimento ofertados considerando principalmente os seus riscos e o prazo de resgate (liquidez). Essa classificação é importante para identificar se um produto é adequado a determinado perfil de cliente.

Definidos o perfil do investidor e a classificação de cada produto, chega-se ao ponto principal da sua pergunta: como saber qual é o portfólio adequado para você, quais produtos podem compor sua carteira e como definir os percentuais de alocação por tipo de investimento.

É justamente aí que o trabalho se torna mais específico. Para cada perfil de investidor, a instituição irá definir se determinado produto é adequado ou não, e qual o percentual-limite que pode ser investido naquele tipo de produto. No caso da Renda Variável, por exemplo, uma instituição pode entender que o cliente de perfil mais conservador pode alocar no máximo 10% do total dos investimentos.

Se uma instituição limita a 10% o volume de Renda Variável para o perfil conservador, ela pode recomendar um percentual entre 0 e 10% nesse tipo de investimento dependendo do momento e do cenário econômico. Da mesma forma, se um investidor tem perfil moderado e seu limite é de 40% dos investimentos em Renda Variável, dado determinado cenário econômico é possível que a recomendação da instituição seja 30%. Assim, as instituições trabalham com carteiras recomendadas que correspondem cada uma a um perfil de investidor.

Como você pode notar, a chave para sua questão é conversar com a instituição financeira com a qual você trabalha e entender qual é a carteira recomendada para o seu perfil.

Em todo esse processo, é de grande valia para os investidores contar com o apoio de um planejador financeiro na determinação dos seus objetivos de investimento e na definição de um plano para chegar até eles.

Silvia Regina Valim é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 12 de julho de 2021.

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