Consultório Financeiro

Quando o seguro de vida vira investimento

Tenho 70 anos e sempre fui previdente. Criei com minha falecida esposa três filhos e hoje todos estão formados e trabalhando. Enquanto criava os filhos e fazia meu patrimônio crescer, sempre tive seguro de vida. Hoje minha situação financeira está resolvida e queria saber se devo cancelar a apólice ou manter os pagamentos?

Valter Police, CFP®:

Caro leitor, parabéns por chegar a essa fase da vida em excelente forma financeira. 

Muitas pessoas, apesar de terem a disciplina e o planejamento necessários, têm imprevistos no meio de suas jornadas e veem seus planos darem passos na direção oposta. Daí decorrem as necessidades de seguros, dos mais diversos. 

A maioria das pessoas se lembra de fazer o seguro de seus veículos, algumas de residências, mas muito poucas o utilizam como uma ferramenta de planejamento financeiro. O seguro de vida confere ao titular a segurança de saber que, no caso de seu falecimento (ou incapacidades variadas, dependendo dos termos da apólice), os beneficiários receberão quantia suficiente para o planejamento financeiro familiar ser atingido. 

No ponto em que os recursos são suficientes e o valor segurado não é mais necessário, como é o seu caso, duas estratégias podem ser tomadas: 

Com o aumento dos recursos próprios, pode-se pouco a pouco reduzir o valor segurado, fator que diminui o preço pago (prêmio) pelo seguro, permitindo aumentar os investimentos. No momento em que os recursos próprios são suficientes para o cumprimento dos objetivos, o seguro não é mais necessário e pode-se cancelá-lo. 

Há ainda uma outra estratégia, menos utilizada, mas que pode ser mais interessante do que a primeira: Fazer uma avaliação financeira para saber se vale a pena manter o valor segurado, mesmo com os aumentos do prêmio pela idade, considerando esses pagamentos como investimentos, pois um dia, inexoravelmente, o titular do seguro irá faltar e os recursos serão distribuídos aos beneficiários. Muitas famílias, a partir de um determinado ponto do planejamento, têm os próprios beneficiários como responsáveis pelos pagamentos do prêmio do seguro, utilizando-o verdadeiramente como uma espécie de previdência. Assim, o titular deixa de pagar e pode utilizar os recursos como melhor lhe convier, mas os beneficiários (geralmente os filhos) permanecem pagando. Esse é um excelente investimento para os mesmos e um legado que o estimado leitor pode deixar, não apenas do ponto de vista financeiro, mas de planejamento, disciplina, criatividade e bom senso. 

Assim, mudando a forma de olhar a ferramenta seguros, a família pode encontrar um novo e ótimo investimento, ao mesmo tempo em que o senhor pode obter uma folga no orçamento. Por fim, verifique sempre as condições para renovação de sua apólice e, em caso de dúvida, consulte seu corretor.

Valter Police é Planejador Financeiro Pessoal e possui a Certificação CFP (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência de seu uso. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 04 de agosto de 2014.

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