Consultório Financeiro

Quanto custa e quando vale formalizar um pequeno negócio?

Há quatro aspectos principais a serem avaliados para auxiliar nessa decisão.

Mauro Cervellini CFP®, responde:

Caro(a) leitor(a), existem quatro aspectos principais a serem avaliados para auxiliar você nessa decisão. O primeiro é a questão das implicações da informalidade na sua vida pessoal e na de sua família. O segundo é a questão da vida da sua empresa, que está nascendo agora, mas tem um futuro pela frente. O terceiro, a questão da ilegalidade do trabalho informal. Por fim, deve-se avaliar quanto custa e quanto trabalho dá abrir uma empresa.

No quesito de sua vida pessoal e familiar é importante frisar que, trabalhando por conta, sem abrir uma empresa, você continuará sem vínculo com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). E o INSS pode lhe proporcionar benefícios muito importantes no médio e no longo prazo. Além da possibilidade de aposentadoria em determinada idade (62 anos para as mulheres e 65 anos para os homens), lhe dará também um pacote de seguranças que pode ser de enorme importância em sua vida: o salário-maternidade, o auxílio-doença e a pensão por morte, por exemplo.

Olhando pela perspectiva da empresa, se ela continua na informalidade, deixa de ter acesso a uma série de facilidades e possibilidades e terá fatores limitantes ao seu crescimento. Por exemplo, não tem como contratar uma pessoa para ajudar você, não tem como obter financiamento para o crescimento, tem possibilidades de venda de produtos restritas para aquelas empresas e pessoas que exigem nota fiscal e assim por diante.

Olhando pelo aspecto da ilegalidade e da informalidade, é importante ressaltar que, perante os órgãos reguladores e da Receita Federal, o seu negócio está ilegal e pode sofrer eventualmente alguma autuação e/ou sanção, o que pode inclusive causar prejuízos financeiros.

Por fim, olhando a questão da abertura da empresa, para o seu faturamento atual de R$ 1.500 por mês, uma alternativa adequada seria abrir uma empresa MEI (Microempreendedor Individual). É fácil de abrir e tem um custo relativamente baixo, chegando atualmente ao máximo de R$ 66,00 por mês. Registrando a empresa, você assume a responsabilidade de guardar alguns documentos fiscais e de faturamento mensalmente, e de preencher anualmente uma Declaração Anual de Faturamento (DASN). Veja mais sobre o assunto no Portal do Empreendedor no site do governo (www.gov.br/empresas-e-negocios/pt-br/empreendedor). É lá que você faz também todo o processo de abertura digital.

Olhando para os pontos apresentados acima, parece que abrir a empresa lhe trará uma série de benefícios que compensarão muito o trabalho e o custo de fazê-lo.

Adicionalmente, aproveitando a oportunidade e pensando no seu planejamento financeiro como empreendedor(a), seria muito recomendada a constituição de uma reserva financeira de emergência. É um valor a ser guardado e investido para eventualidades e grandes oscilações nas receitas. Ele serve como um “colchão de segurança” e pode vir a evitar que você entre em endividamentos indesejados. O valor da reserva de emergência pode ser investido em um CDB pós-fixado de uma instituição que dê isenção de tarifas para que você não tenha custos adicionais.

Considere essas reflexões sobre o seu projeto empreendedor. Desejo muito sucesso com seu próspero negócio!

Mauro Penteado Cervellini é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 09 de janeiro de 2023.

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