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Quanto é preciso economizar por mês para garantir a aposentadoria, sem depender do INSS?

Os produtos de investimento têm características operacionais, taxas e impostos diferentes: confira as principais escolhas para quem vai se aposentar

Lívia Ramin Sambrana CFP®, responde:

Precisamos ter em conta alguns pontos para chegar a valores aproximados hoje:

1) correção do valor acumulado durante o uso (a partir dos 55 anos);

2) correção do valor em acumulação (dos 40 aos 55 anos);

3) expectativa de vida;

4) produtos de investimentos – risco, regulação, taxas, impostos.

Além disso, é importante considerar que o custo mensal no momento da aposentadoria pode variar.

Em se tratando de aposentadoria, é importante que o recurso acumulado e em acumulação seja alocado observando o perfil do investidor, mas em geral de maneira mais conservadora (correção de patrimônio e resgates periódicos durante o uso). A correção do recurso ao longo dos anos, tanto durante o acúmulo quanto durante o uso, pode ser calculada usando juros reais, ou seja, os juros nominais (no Brasil, Selic) descontada a inflação (no Brasil, IPCA). Esse é o mínimo que o investidor pode esperar de retorno sem risco. Nos últimos 10 anos, os juros reais ao ano no Brasil foram de 2,8%; nos últimos 20 anos, de 6,1%; e, desde 1995, de 10,5% ao ano. A expectativa para os próximos 10 anos está em 6%.

Usando 4,5% de juros reais para corrigir os valores e uma expectativa de vida de 85 anos, o acumulado aos 55 anos deve ser R$ 2,9 milhões. Para chegar a esse valor, dado que já possui R$ 750 mil, você deve guardar mensalmente R$ 6 mil (dados Morningstar).

Os distribuidores de produtos de investimentos, tanto bancos quanto os independentes, oferecem algumas opções para que o recurso seja investido. O menor risco possível, risco soberano, vem dos títulos públicos – papéis do governo com características previamente acordadas. Esses papéis podem render juros e inflação, ser pré ou pós-fixados, e possuem prazo de vencimento. Ao longo dos anos, conforme o vencimento, teremos que investir novamente. Esses papéis podem ser comprados via corretora de valores usando o Tesouro Direto, sistema que faz as negociações para pessoa física.

No mercado existem também fundos previdenciários, com regulação específica para aposentadoria. Geralmente esses fundos tomam menos risco na gestão considerando o pagamento do passivo em determinado tempo. Quando contratado, o plano terá um período de contribuição para o acúmulo da reserva. Dado esse período, o acumulado poderá ser resgatado e gerenciado pelo investidor, ou poderá ser convertido em renda e gerenciado pela seguradora, que pagará um montante por mês. Esse montante poderá ser vitalício ou com prazo determinado, para uma vida ou dependentes, e essa escolha será feita com base em simulações de expectativa de vida no momento da conversão em renda.

Os produtos de investimento têm características operacionais, taxas e impostos diferentes. As operações via Tesouro Direto cobram uma taxa de custódia, e os fundos de previdência cobram taxas de administração e podem cobrar taxa de entrada ou saída. A cobrança dos impostos também depende de cada produto – fundos previdenciários são o único produto de investimento que pode chegar a um imposto mínimo de 10% no longo prazo.

Antes de tomar uma decisão, é importante consultar um planejador financeiro para orientar a situação de cada investidor. Ao longo dos anos, os objetivos e necessidades podem mudar e isso também deve ser levado em consideração e acompanhado por um profissional capacitado. O perfil do investidor, chamado suitability, é a forma ideal para iniciar o planejamento.

Lívia Sambrana é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. Email: [email protected]

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Texto publicado na Revista Época em 10 de janeiro de 2023.

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