Seu Planejamento Financeiro

Quais as melhores opções de investimento em renda fixa?

Tenho títulos do Tesouro, mas com a Selic tão baixa gostaria de diversificar meus investimentos, mantendo em renda fixa. Quais as melhores opções?

Bruno Pereira, CFP®, responde: 

Prezado leitor, primeiramente obrigado pela pergunta. A realidade dos investimentos mudou muito nos últimos anos, não só no Brasil, mas no mundo todo. O processo de queda das taxas de juros já vinha acontecendo e ganhou força nos últimos meses, desencadeado pela crise do Covid-19. A vida do investidor ficou mais desafiadora e a ajuda de um profissional pode fazer muita diferença neste momento. Mas fique tranquilo, pois a renda fixa não “morreu”; o que morreu foi a oportunidade de investir com juros altos, liquidez e segurança. Na sequência trataremos de possibilidades de bons retornos com segurança.

Antes de falarmos sobre as melhores alternativas de diversificação no universo de renda fixa, gostaria de dar detalhes dos diferentes tipos de títulos do Tesouro. Você mencionou que os possui, mas não falou especificamente quais são. O que há em comum entre eles é o fato de serem emitidos pelo Governo Federal, o que significa o risco de crédito mais seguro no Brasil , porém há três diferentes títulos sendo emitidos atualmente: o Tesouro pré-fixado, pelo qual você contrata uma taxa anual já definida que não irá mudar em função da Selic ou da inflação; o Tesouro IPCA+, em que você terá uma taxa definida mais a variação do IPCA do período; e o Tesouro Selic, que irá acompanhar a variação da taxa Selic definida pelo Banco Central.

Ainda no universo da renda fixa, uma segunda alternativa de investimento são os chamados ativos bancários, que são emissões de dívida feita por instituições financeiras que, de forma geral, têm um risco maior, mas possibilitam uma maior possibilidade de retorno. Uma grande vantagem desses investimentos é que eles são protegidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que é um mecanismo de proteção ao investidor, resguardando-o e garantido seu dinheiro de volta no caso de uma eventual falência do emissor. Há um limite de 250 mil reais por CPF e por instituição financeira, mas com um teto de 1 milhão de reais e validade de 4 anos, por isso é importante você contar com a ajuda de um profissional para analisar o emissor do título.

Uma terceira categoria é chamada de crédito privado, que é a emissão de dívida de uma empresa a fim de financiar novos projetos, a expansão de suas operações, o alongamento ou o barateamento das suas dívidas, ou até mesmo o capital de giro. Nesse caso não há garantia pelo FGC; algumas emissões contam com garantia por parte das empresas, como imóveis ou recebíveis futuros, mas isso não é uma regra. Essa categoria, além de oferecer uma melhor rentabilidade, em alguns casos oferece isenção de imposto de renda, como CRIs (Certificado de Recebíveis Imobiliários), CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) que são emitidos por Securitizadoras de Crédito e Debêntures Incentivadas, que são ligadas aos projetos de infraestrutura. Há setores que, de maneira geral, apresentam menos risco que outros por prestarem serviços mais básicos à população, como transmissão de energia elétrica e saneamento básico.

Apesar do melhor rendimento, é importante ressaltar que ao investir nessas categorias estamos também mais expostos aos riscos de crédito (à saúde financeira do emissor) e ao risco de liquidez, pois, ao contrário dos títulos do Tesouro, o mercado secundário de ativos bancários e crédito privado não tem a mesma liquidez, e muitas vezes não tem liquidez alguma. Antes de partir para essa alternativa, devemos analisar se essa emissão está pagando um prêmio superior aos títulos do governo de prazos parecidos e qual é o rating do emissor, que é uma classificação da saúde financeira da companhia feita por agências especializadas.

Os ativos bancários e os créditos privados apresentam uma ampla variedade de prazo, emissores, tipo de remuneração e riscos, mas um portfólio diversificado entre eles, juntamente com títulos do Tesouro que atendam suas necessidades como investidor, são boas opções para sua carteira no momento atual. Não deixe de procurar a ajuda de um profissional para analisar e equilibrar todas essas alternativas de investimento.

Bruno Pereira é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail[email protected]

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Texto publicado no site Época Negócios em 22 de setembro de 2020.

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