Consultório Financeiro

Vale a pena aderir à previdência corporativa?

Tenho 25 anos e acabei de ser contratado por uma companhia na qual sempre tive muita vontade de trabalhar. Fui questionado se desejo aderir ao fundo de previdência que eles oferecem, do qual a empresa participa contribuindo com o mesmo valor do meu aporte até um determinado patamar. Começo a pensar seriamente em iniciar uma poupança e minha dúvida é se não seria melhor, no caso de poupança de longo prazo, aplicar em fundos de investimentos ou títulos públicos por meio do Tesouro Direto.

Luiz Correia, CFP®, responde:

Em primeiro lugar, parabéns pela sua conquista. A sua dúvida é pertinente, mas aqui você tem um diferencial que definitivamente responde a questão: A empresa fará um aporte do mesmo valor que você. Essa é uma vantagem indiscutível.

Claro que existe por parte das empresas que oferecem esse tipo de benefício o interesse em reter seus talentos, tanto é que você só poderá sacar a participação da empresa após um determinado período. Algumas até aumentam o benefício e, após alguns anos de contratação e dependendo do cargo, passam a contribuir com 120% ou mais do valor do aporte do colaborador.

Os fundos fechados de previdência geralmente não cobram taxa de carregamento e a taxa de administração é menor. De qualquer maneira, é muito importante você fazer a lição de casa e se informar sobre as condições do fundo, a política de investimento, as taxas de administração e carregamento, o prazo de contribuição para você ter direito à parte da empresa e também quem é o gestor desse fundo.

Como você é assalariado e contribui com a previdência oficial, o PGBL possibilita deduzir do IR (desde que a declaração seja completa) os aportes efetuados no plano até o limite de 12% da renda anual bruta tributável, mas a incidência do imposto se dá sobre o valor total acumulado até o momento do resgate. Já o VGBL não tem essa vantagem fiscal, mas a incidência do IR se dá somente sobre os rendimentos.

Existem mais duas questões a serem observadas. Uma é a questão tributária. Você terá que optar ou pela tabela regressiva, em que a alíquota começa em 35% e vai regredindo 5% a cada dois anos até chegar a 10% para as aplicações que tenham mais de dez anos, ou pela tabela progressiva, que tem a alíquota de 27,5% e pode ser mais interessante caso você tenha despesas a deduzir.

A outra questão é em relação à carteira. Levando-se em consideração a sua idade, desde que esteja de acordo com o seu perfil, talvez seja interessante optar por uma carteira de investimento composta com renda fixa e ações – veja se existe essa opção. Normalmente há a possibilidade de se rever a carteira periodicamente, portanto, se a perspectiva para o mercado de ações não for positiva, você pode diminuir a participação em renda variável de sua carteira e vice-versa.

Com certeza este é um passo importante para garantir uma tranquilidade financeira no futuro, mas é importante você se programar para que o valor do aporte não comprometa o seu orçamento. Paralelamente, forme uma reserva de emergência que possa cobrir pelo menos seis meses das suas despesas em um produto conservador, que tenha liquidez, e então comece a montar seu portfólio de investimentos, levando em conta que no cenário atual, com juros mais baixos e inflação relativamente alta, os custos terão impacto significativo no retorno das suas aplicações.

Luiz Correia é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. Email: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para : [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 10 de junho de 2013

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