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Valem a pena os fundos de previdência que os bancos ficam me oferecendo? E os títulos de capitalização?

Se a análise realmente foi feita com cuidado e com o entendimento do propósito de cada produto, além de como cada produto pode ajudar você em detalhes, esses produtos podem valer a pena

Daniel Mota Almeida CFP®, responde:

Antes de iniciar, primeiro é importante salientar que não existe resposta única que valha para todas as pessoas no mundo dos investimentos. É fundamental dar um passo anterior e se questionar: eu conheço as melhores soluções em investimentos que possam atender a minha necessidade de planejamento financeiro?

Antes de qualquer investimento é importante que você conheça o seu perfil de investidor, preenchendo a famosa API (Análise de Perfil do Investidor). Isso vai trazer para você uma ideia mais tangível e pessoal dentro do universo dos investimentos.

Sem conhecer a sua aversão a risco, seu prazo de capital e o quanto você conhece das classes de investimentos, nenhuma resposta é 100% precisa.

Agora, se a análise realmente foi feita com cuidado e com o entendimento do propósito de cada produto, além de como cada produto pode ajudar você em detalhes, esses produtos podem valer a pena.

Hoje tanto bancos quanto corretoras têm o papel de distribuidores de investimentos. Ambos distribuem produtos próprios e de terceiros, e o papel esperado do distribuidor pelo investidor é o de curadoria: pode ajudar você a escolher os melhores ativos para alocar seu dinheiro, tendo em vista diversos fatores – seu perfil, seus objetivos e outras informações importantes.

O que é um título de capitalização? Basicamente, é uma forma de forçar a criação do hábito de economizar dinheiro e participar de sorteios, um produto feito para acumulação e não para investimento. Então, se você precisa dessa “força” para criar o hábito de poupar e se sente atraído por prêmios em sorteios, talvez caiba para você esse produto.

E a previdência? A previdência privada mescla características de fundos de investimentos com vantagens tributárias de longo prazo, com características que permitem a sucessão patrimonial de forma simples e fluida. É um plano para o qual os indivíduos podem fazer um aporte único ou uma contribuição mensal de recursos, e que no momento de usufruto lhes pagará uma pensão privada, em geral após a aposentadoria em sua essência. É uma alternativa à pensão social ou uma forma de complemento à pensão social, além da possibilidade de resgates esporádicos. Essa é a base do que seria uma previdência privada. Por conta da evolução constante do mercado financeiro, hoje você tem acesso a uma gama imensa de produtos em formato previdenciário. E existem dois formatos de previdência privada hoje: PGBL e VGBL. Seguem algumas considerações sobre cada um deles.

PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre)

A principal vantagem do PGBL é que ele permite a quem declara seu imposto no formato completo pagar menos imposto de renda. Isso porque pode descontar até 12% em cima do seu cálculo do IR. Assim, aplica-se a pessoas que declaram imposto de renda integral e pretendem investir 12% de sua renda anual em previdência privada. Essa dedução da base de cálculo se torna interessante porque, quanto menor o IR a pagar, maior o valor do investimento sobrando na sua renda. Apesar dessa vantagem fiscal, um dos maiores problemas do PGBL é o momento de receber os benefícios, pois o imposto de renda incidirá sobre todo o montante acumulado.

VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre)

É classificado como um tipo de seguro de vida. Nesse modelo, o IR incide no resgate e apenas sobre o valor do rendimento da aplicação, não sobre o patrimônio total. Nenhuma dedução de imposto de renda como PGBL é possível. Portanto, o VGBL se aplica àqueles que declaram imposto de renda simplificado.

Existem também dois tipos de tributação: o regressivo/definitivo e o progressivo/compensável.

O tipo tributário regressivo/definitivo é o que permite, após dez anos aplicados, chegar a uma alíquota de imposto de 10%. O outro tipo tributário é o progressivo/compensável, que sempre cobrará 15% de imposto na fonte pagadora, mas, como o nome diz, compensa no seu IR e permite restituir o imposto devido em alguns casos, por exemplo quando não há ganho de capital durante o ano. Por outro lado, em outros casos esse segundo tipo pode fazer com que se pague mais, de 0% até 12,5%, chegando ao teto dos 27,5% de IRPF, pois, no resgate, o ganho de capital é somado aos seus proventos, por exemplo seu salário.

Sempre pergunte sobre esses pontos ao seu distribuidor para que não ocorram erros e suas expectativas sejam alcançadas.

O mais importante é que o produto atenda os seus objetivos, e ninguém melhor que você para saber a sua necessidade em relação a investimentos. Com uma boa conversa passando por seus objetivos e desejos de forma clara com quem aconselha você, será possível filtrar a real necessidade do que você busca e se condiz com o portifólio oferecido.

Em resumo, os produtos podem valer a pena se couberem em sua necessidade de investimento, seus objetivos, seu prazo e seu perfil. 

Daniel Mota Almeida é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro.

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Texto publicado na Revista Época em 15 de fevereiro de 2023.

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