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Valem a pena os fundos de previdência que os bancos ficam me oferecendo?

No contexto do planejamento financeiro e patrimonial, a previdência poderá ser útil em três áreas distintas.

Thiago Lauria CFP®, responde:

A previdência privada é um produto de grande versatilidade no contexto das finanças pessoais. Entretanto, assim como qualquer outro investimento/seguro, deve fazer parte de um contexto pessoal/familiar. E o alinhamento entre um produto específico e as suas necessidades é entendido através do desenvolvimento de um bom planejamento financeiro.

O primeiro passo é ter um mapa no qual estejam traçados os seus pontos de partida e de chegada. Além disso, uma avaliação dos pontos de parada, dos riscos envolvidos e das pessoas que farão parte dessa trajetória. A partir desse planejamento de vida e financeiro você poderá tomar decisões melhores, como por exemplo o seu questionamento trazido acima. Sem esse mapa, as tomadas de decisão ficam aleatórias e por muitas vezes não levam a caminhos desejados.

No contexto do planejamento financeiro e patrimonial, a previdência poderá ser útil em três áreas distintas. A primeira e mais conhecida é sua função como investimento para a longevidade, em que o aporte mensal definido levará ao montante necessário para a sua aposentadoria. Uma outra possibilidade é utilizar o produto na modalidade PGBL, na qual o aporte correspondente a até 12% da sua renda bruta anual como pessoa física poderá servir como diferimento tributário. Vale ressaltar que no PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), ao resgatar os recursos, o imposto a ser pago incidirá sobre o montante total resgatado. Já no tipo de plano denominado VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), não é possível obter o diferimento tributário e em contrapartida, no resgate de algum recurso, o imposto incidirá somente sobre a rentabilidade. E a terceira possibilidade é utilizar a previdência como meio de planejamento sucessório através do estabelecimento de beneficiários nos termos da legislação vigente.

Outro aspecto importante é o fato de a previdência privada ser veículo de investimento gerido por seguradoras, caso em que os bancos são canais de comercialização. Logo, sempre que for oferecido um produto dessa modalidade, cheque os seus termos e sua veracidade na SUSEP, Superintendência de Seguros Privados, através do número identificado como “processo Susep”. 

É fundamental também que seja feita uma avaliação do produto do ponto de vista técnico, como rentabilidade, taxas, tábua atuarial, modalidades de renda e termos do regulamento. Também é de suma importância a escolha correta do tipo de tributação que será aplicada ao seu plano. São dois modelos: o regressivo definitivo, em que a tributação acontece exclusivamente na fonte e inicia em uma alíquota de 35% reduzindo 5% a cada dois anos, chegando ao percentual mínimo de 10% ao final de 10 anos, o que representa uma vantagem em comparação com produtos de renda fixa tributados que chegam a uma alíquota mínima de 15%. E o segundo modelo é o progressivo compensável, em que há uma retenção de 15% na fonte e a necessidade de ajuste na declaração anual de imposto de renda, o que pode fazer com que essa alíquota aumente ou diminua a depender das características das suas rendas obtidas. É sempre importante a ajuda de um especialista para avaliação e decisão do tipo de plano e tributação.

No contexto geral, o mercado de previdência evoluiu bastante nos últimos anos. Novos produtos foram criados e a maioria dos bancos aderiu ao modelo de plataforma aberta, comercializando produtos de diversos gestores e em alguns casos também de seguradoras além da sua própria. Isso traz mais possibilidades de produtos que atendam as demandas específicas de clientes.

Por fim, existe uma característica que entrega liberdade ao investidor. A portabilidade permite migrar de uma previdência para a outra sem a necessidade de resgate. Logo, se você não estiver satisfeito com o produto oferecido pode migrar para outro internamente na própria instituição ou em uma outra seguradora. Além disso, também pode utilizar isso como forma de balancear os seus investimentos.

Lembre-se que a escolha de um bom produto começa com um planejamento financeiro bem construído. Será essa primeira etapa que levará você ao alcance dos seus objetivos de vida e financeiros.

 Boa sorte e bons investimentos!

Thiago Lauria, CFP®, é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

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Texto publicado na Revista Época em 31 de janeiro de 2023.

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