Consultório Financeiro

Como aproveitar o cenário de eleições para investir?

“Meus amigos dizem que os mercados poderão ficar agitados por conta das eleições no Brasil e pela alta de juros nos Estados Unidos. Existe alguma forma de me proteger ou aproveitar oportunidades deste cenário?”

Guilherme Moraes, CFP®, responde:

Caro leitor,

Os seus amigos estão corretos em dizer que os mercados ficarão agitados em virtude das eleições no Brasil e do aumento de juros nos EUA. O aumento recente de volatilidade, oscilação no preço dos ativos, e a recente depreciação do real é um reflexo direto destes fatores.

A enorme incerteza eleitoral que caracteriza o cenário político atual fará com que o mercado financeiro apresente grandes oscilações. Pesquisas eleitorais indicando a liderança de candidatos considerados menos ortodoxos pelo mercado trarão mais volatilidade.

O banco central americano tem aumentado os juros desde 2016, e a cada nova alta de juros torna-se menos atrativo investir em países emergentes, como o Brasil. Investidores globais vendem ativos locais e investem em títulos dos EUA. O mercado espera mais altas nos juros dos EUA este ano.

Antes de investir é fundamental definir os objetivos do investimento,  tais como viagem, compra de imóvel ou aposentadoria, além da tolerância e perfil de risco, a necessidade de liquidez, e o momento de vida do investidor. Essas variáveis determinarão as principais características dos ativos que serão parte de um portfólio.

Uma das maneiras mais indicadas para reduzir risco e proteger uma carteira de investimentos é a diversificação, que é a distribuição dos investimentos em diferentes: classes de ativos (renda fixa, multimercados, ações, cambial e imobiliário);  estratégias (ativa ou passiva);  região (Brasil ou exterior); gestores; setores; e prazos.

A diversificação, além de mitigar risco, busca aumentar a eficiência da relação entre risco e retorno de um portfólio.

Se o objetivo do investimento for uma viagem no final do ano dentro do país, o dinheiro não deve ser colocado em risco, e ativos como Tesouro Selic, CDB com liquidez ou fundos de renda fixa cumprem o papel de remunerar e proteger o capital investido.

Por outro lado, se o objetivo for criar uma reserva financeira para a aposentadoria é até apropriado investir em ativos com mais risco na expectativa de retorno maior. Títulos do Tesouro indexados à inflação, fundos multimercados ou de previdência, além de ações, podem contribuir para esse fim. Mesmo que no curto prazo esses ativos apresentem retornos negativos por alguns meses, no longo prazo os resultados são suavizados por momentos positivos.

Eleição no Brasil e aumento de juro nos EUA são sinônimos de volatilidade e, por isso, cautela torna-se fundamental e evita dores de cabeça.

Tirar proveito desses movimentos exige conhecimento e, acima de tudo, perfil para assumir riscos e aceitar volatilidade no curto prazo. A escolha de bons gestores de fundos multimercados e de ações é determinante para aproveitar as oportunidades, mas com a certeza de grandes emoções.

Gestores de investimentos agem com muita prudência e ponderação nesses períodos, identificam e avaliam a exposição a risco de cada ativo na carteira e decidem investir apenas quando existe certo grau de convicção.

Tenha claro os seus objetivos de investimentos, conheça seu perfil, entenda as principais características das classes de ativos, diversifique seu portfólio e faça avaliações periódicas com o seu planejador financeiro.

Sendo necessário, altere os investimentos, mas sempre com o foco nos seus objetivos e respeitando o seu apetite de risco.

Guilherme Moraes é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 16 de julho de 2018

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