Seu Planejamento Financeiro

Como investir no exterior?

Silvio Paixão, CFP®, responde:

Prezada(o) leitora/leitor,

Ter uma carteira de investimentos é conquista de poucos! E uma carteira de investimentos precisa ser RENTÁVEL, gerar retornos que simultaneamente mantenham seu valor real no tempo (superem a inflação) e atendam às suas necessidades. Por isso, é fundamental definir critérios (de rentabilidade, liquidez, riscos etc.) que sejam periodicamente avaliados e aperfeiçoados.

“Investir no exterior” deve observar os seguintes fatores particulares:

§ Minha individualidade e minhas convicções estão sendo respeitadas?

§ Isso se alinha a meus interesses, ambições e objetivos de vida?

§ Faz sentido o meu planejamento financeiro pessoal alocar parte da carteira de investimentos no exterior?

§  As mudanças do meu perfil e da minha conjuntura financeira ao longo do tempo estão consideradas no plano de investimentos?

O próximo passo nos leva às condicionantes da implementação da decisão de “investir no exterior”:

1) Qual estilo de gestão de investimentos adotar: ativo ou passivo? A gestão ativa (mais arriscada) busca superar os índices referenciais de mercado; já a gestão passiva procura replicá-los.

2) A escolha da(s) instituição(ões) no exterior, que é fator crítico de sucesso – analise os atributos dos prestadores de serviços (histórico, competências, participação de mercado etc.).

3) Em qual(is) país(es) investir? Fatores culturais, políticos, econômicos etc., em conjunto com a legislação e a tributação de cada país, devem ser considerados.

ATENÇÃO:

® O residente fiscal brasileiro submete-se ao regime tributário daqui, logo:

A) Nos valores do principal remetidos ao exterior, incide IR de 15% sobre a variação cambial positiva entre as datas da remessa e de retorno. Não incide IR sobre a “variação cambial” de valores recebidos, ganhos ou herdados no exterior.

B) Abaixo temos a sistemática do IR sobre rendas auferidas no exterior:

Ganhos de Capital, Recebimento de Juros, Resgate de Cotas de Fundos – as alíquotas variam de 15% (até R$ 5 milhões) a 22,5% (acima de R$ 30 milhões) do valor auferido da renda;

Rendimentos (dividendos, aluguéis etc.) – IR mensal, pelo regime progressivo do Carnê-Leão, com alíquotas de 0% a 27,5%.

® o IR pode ser pago até o último dia útil do mês seguinte ao mês do(s) recebimento(s).

® Informações sobre os programas de Ganho de Capital (GCAP) e o Carnê-Leão estão disponíveis em www.receita.fazenda.gov.br.

4) Como aplicar lá fora?

® Enviando recursos para o exterior

– Razões diversas nos levam a comprar títulos lá fora diretamente como pessoa física, ou via firma offshore sob nosso domínio e propriedade – há custos associados a considerar;

– Já aplicar em Fundos de Investimento permite pulverizar custos e ampliar a diversificação.

® Daqui no Brasil (em REAIS)

– Aplicar em cotas de “fundos de investimento no exterior” locais;

– Comprar ações de empresas estrangeiras (BDRs) na B3;

– Aplicar em fundos cambiais.

5) O risco (da flutuação) cambial está sujeito ao humor dos mercados, às notícias (importantes ou não) e à relação de oferta versus procura de moedas.

Se o interesse for apenas “correr o risco cambial”, além dos fundos cambiais pode-se fazê-lo no ambiente da “bolsa de derivativos e futuros” da B3.

Mas, se preferir não correr esse risco, há fundos de investimento no exterior que se protegem da oscilação cambial.

6) E as taxas de juros internacionais?

Estão muito baixas há tempos! E não se preveem mudanças de tendência no futuro próximo ou seguinte.

® Relatórios de performance não consideram impactos de custos (corretagens etc.), imobilidade dos recursos e os impostos nas tabelas de rentabilidade dos investimentos.

® Aplicam-se restrições e valores mínimos a alguns dos instrumentos citados.

Afinal, vale a pena investir no exterior? Após considerar as diversificações geográficas e os demais riscos, como em qualquer aplicação, é preciso assumir posições, inferir movimentos dos mercados, empregar capital etc. para colher os resultados em algum momento futuro previsível!

Os investidores profissionais planejam e se preparam buscando prever cenários, privilegiando certas oportunidades em detrimento de outras e assumindo posições baseados em considerações similares às apontadas acima, mas nem sempre acertam!

Por isso, se fizer sentido para você a alocação parcial de seus recursos no exterior, crie a sua “carteira de investimento-alvo” para ser RENTÁVEL, com critérios de decisão e de monitoramento de desempenho plausíveis.

Todo projeto requer preparação, planejamento, intuição, dedicação e satisfação no realizar de cada etapa. E esse tipo de projeto é exclusivo de alguns privilegiados!

Silvio S. Paixão é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].  

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Texto publicado no site Época Negócios em 20 de outubro de 2020.

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