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Quais os riscos de investir em FIDC?

Lívia Paula, CFP®, responde:

Os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) podem ser utilizados como alternativas de investimento por oferecerem a possibilidade de diversificação e potencial de retorno para investidores qualificados. Esses fundos investem em direitos creditórios, que são títulos que representam o direito de receber pagamentos futuros, como faturas de cartão de crédito, duplicatas e recebíveis em geral.


Uma das principais características do FIDC é, na prática, o fato dele normalmente investir em recebíveis de uma empresa e, também, em contratos de aluguel, cheques, duplicatas a receber e outros diversos modelos contratuais, inclusive os mais complexos, ajudando o investidor a atingir o objetivo de adquirir uma carteira de crédito visando à diversificação de investimentos e à rentabilidade.


Os investidores podem comprar cotas de um FIDC e, assim, se tornar proprietários de uma parcela dos direitos creditórios adquiridos pelo fundo. Dessa forma, eles podem se beneficiar dos pagamentos futuros desses direitos creditórios.


No entanto, é muito importante destacar que os FIDCs também apresentam riscos. À mesma altura dos riscos que compõem sua complexidade e os diversos tipos contratuais que essa modalidade de investimentos pode comprar.


Podemos citar alguns dos principais riscos associados a esse tipo de fundo:

  1. 1- Risco de crédito: Conhecido como a chance de o cliente não quitar o valor devido, tornar-se inadimplente. Os direitos creditórios podem estar sujeitos à inadimplência, o que afeta diretamente a rentabilidade do FIDC. Caso os devedores não paguem ou não cumpram as obrigações, os investidores podem ter perdas.
  2. 2- Risco de liquidez: Dependendo das características do FIDC, pode haver restrições à liquidez das cotas, ou seja, pode ser difícil vender as cotas do fundo antes do prazo estabelecido, o que pode impactar a capacidade do investidor de resgatar seu dinheiro. Na prática, esse tipo de instrumento possui baixa liquidez, por não haver um mercado tão amadurecido no país para esse tipo de realização de transação financeira.
  3. 3- Risco de mercado: O desempenho dos FIDCs também pode ser afetado por condições macroeconômicas, variações nas taxas de juros, entre outros fatores do mercado financeiro. Por isso, é muito importante estar atento aos fatores e condições que possam afetar direta ou indiretamente os papéis da empresa investida no produto
  4. 4- Risco de concentração: Alguns FIDCs podem estar concentrados em determinado setor ou empresa, o que aumenta a exposição a riscos específicos dessa atividade ou empresa. A análise microeconômica setorial e ler bons relatórios são também aspectos importantes para a tomada de decisão.

  5. Antes de investir em FIDCs, é recomendável realizar uma análise criteriosa das características do fundo, das empresas, dos papéis e seu fluxo de liquidez, além de considerar seu perfil de investidor. Levar em conta que a tributação é a de renda fixa, seguindo a tabela regressiva, iniciando em 22,5%, e considerar os diferentes tipos de cotas, que determinarão a preferência no recebimento de juros e amortização entre os cotistas. Para essas questões, é sempre aconselhável buscar orientação de um profissional de planejamento financeiro especializado em investimentos.

Lívia Paula, CFP® a é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. Email: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 04 de dezembro de 2023

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