Agora é um bom momento para investir em CDB?
Daniel Varajão, CFP®, responde:
Caro Leitor,
Sua pergunta é muito pertinente nesse momento. Esse assunto é sempre atual e volta à discussão com mais intensidade nos momentos de queda da taxa de juros como o que vivemos agora.
O CDB é uma das mais tradicionais opções de investimento, seja para o pequeno poupador ou para o investidor profissional, como gestores de fundo de investimento que representam milhares de cotistas. A facilidade operacional do CDB aliada à sua flexibilidade são fatores importantes para seu sucesso histórico.
Geralmente são atrelados ao DI (CDB-DI), aos índices de inflação, como o IPCA, ou são pré-fixados. A liquidez também varia: É comum grandes bancos oferecerem CDBs com prazo de vencimento longo, mas com cláusula de resgate antecipado. CDBs com essas características tem taxas de remuneração significativamente menores.
Outra importante característica do CDB é a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Quando o investidor aplica em um CDB, contrata o risco do emissor com a garantia prestada pelo FGC de até 250 mil reais por investidor (por CPF) e por Instituição Financeira. O FGC é uma garantia adicional, e ainda assim há diferenças no risco de crédito dos diferentes emissores de CDB com reflexo direto nas taxas de remuneração oferecidas.
Para melhor avaliar a questão do leitor é importante considerar o objetivo do investidor, perfil de risco, horizonte de investimento. Também devemos comparar o investimento em CDB com outros produtos semelhantes do mercado.
As taxas de juros em queda reduzem a remuneração dos CDB-DI, mas isso vale para outros investimentos de renda fixa pós-fixados.
Quando confrontamos o CDB com LCI/LCA, as diferenças são pequenas. É importante comparar as taxas oferecidas na mesma base, já que o CDB não goza da isenção de IR como a LCI/LCA. Vejamos um exemplo: CDB 110% CDI prazo acima de 2 anos equivale a uma LCI/LCA 93,5% CDI (IR de 15%).
Buscando a palavra-chave: “CDB x LCI x LCA” você encontrará na Internet ótimos comparadores para colocar as taxas desses instrumentos na mesma base.
Já a comparação do CDB com os Títulos do Tesouro evidencia a diferença em relação ao risco do emissor (Tesouro Nacional X Banco emissor do CDB). Essa é uma forma de identificar se o CDB oferecido ao investidor tem uma taxa adequada já que estamos comparando o risco do Tesouro Nacional com o emissor em questão.
Exemplo: o Título TESOURO SELIC oferece a remuneração da SELIC com possibilidade de resgate antecipado. Considere como efeito de simplificação que a SELIC é igual ao CDI. O investidor pode então comparar a taxa do investimento no título TESOURO SELIC (100% SELIC) com um CDB oferecido pela Instituição Financeira (X% CDI), não se esquecendo de considerar a liquidez e o risco de crédito da Instituição emissora.
Também podemos comparar CDB com fundos DI ainda que haja uma diferença conceitual nos produtos. A queda da taxa de juros é mais prejudicial aos fundos do que ao CDB pois a taxa de administração passa ser proporcionalmente maior. Ou seja, uma taxa de administração de 1% subtrai cerca de 10% da rentabilidade de um fundo, quando a taxa de juros Selic/CDI é de 10%. Para uma taxa de juros de 5% essa mesma subtração é de 20% da rentabilidade.
Por fim, vamos comparar o CDB-DI com a Poupança. Desde maio/2012 a remuneração da Poupança sofreu alterações. O rendimento das novas aplicações passou a ser:
(a) TR + 0,5% ao mês para Selic > 8,5% ao ano
(b) TR + 70% Selic Meta para Selic ≤ 8,5% ao ano
Com a Selic atualmente em 8,25% ao ano, a remuneração da Poupança segue atualmente a regra (b).
A tabela abaixo mostra a equivalência da rentabilidade estimada da Poupança em um ano com as taxas de CDBs (supondo diferentes prazos de aplicação / alíquotas de IR), considerando: TR Julho/2017 = 0,06% e Selic = CDI.
SelicPoupançaCDB-DI Equivalente IR 15%CDB-DI Equivalente IR 20%8%6,04%94,7%100,7%8,5%6,74%93,4%99,2%9,25%6,96%88,6%94,1%
Observe que para a taxa Selic de 9,25%, a rentabilidade da poupança é equivalente à de um CDB-DI com taxa 88,6% CDI para prazo superior a 2 anos. Com a queda da Taxa Selic, o CDB-DI perde atratividade nesse comparativo. É preciso de uma taxa ainda maior no CDB (colunas C e D) para igualar a rentabilidade esperada da Poupança.
Concluindo, sob a ótica de Risco X Retorno X Liquidez, o CDB continua sendo um importante instrumento para o investidor e pode ser encontrado com as características que melhor atenda a cada um. Para diferentes portfolios de investimento, com diferentes graduações de risco, há espaço para investimento em CDBs hoje e possivelmente no futuro próximo.
Consulte sempre um planejador financeiro nas suas decisões de investimentos.
Daniel Varajão T. Soares é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E mail: [email protected]
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Texto publicado no site Época Negócios em 07 de setembro de 2017