Consultório Financeiro

Autônomo deve cuidar da gestão de suas finanças pessoais

Como profissionais autônomos podem planejar uma parte do valor que recebem como se fosse um FGTS?

Diego Barbosa, CFP®, responde:

Para driblar a falta de emprego no Brasil, milhares de pessoas passaram a trabalhar de forma independente, como profissionais autônomos.

Trabalhar por conta própria, contudo, impõe alguns dificultadores que exigem deste profissional um bom conhecimento de educação financeira e uma excelente gestão das suas finanças pessoais. Além da renda inconstante, outra significativa mudança em relação ao trabalhador vinculado à CLT é a perda de vários benefícios, tais como férias, 13º salário e, principalmente, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

O FGTS foi criado com o objetivo de proteger o trabalhador formal no caso de demissão sem justa causa. Esta reserva financeira é formada por depósitos mensais realizados pelos empregadores em uma conta em nome do empregado, no valor correspondente a 8% do seu salário. Além da hipótese de demissão, esse recurso pode ser utilizado também em algumas situações específicas como, por exemplo, para aposentadoria ou para aquisição da casa própria.

Na aposentadoria, além de receber o FGTS, o cidadão recebe do INSS um benefício mensal que varia em torno de um a seis salários mínimos. Para a maioria das pessoas, ambos os benefícios são insuficientes para garantir uma aposentadoria tranquila. Desta forma, o trabalhador de carteira assinada deve poupar mensalmente um percentual adicional do seu salário, para gradativamente constituir uma reserva financeira que lhe dará sustentabilidade na terceira idade.

Para os profissionais autônomos, a constituição deste colchão de segurança se reveste de uma importância ainda maior. Por não possuírem uma relação de emprego formal, esse profissional não faz jus ao fundo de garantia e deve acumular sozinho as suas próprias reservas. O ideal de poupança do autônomo é equivalente ao que o trabalhador CLT teria no FGTS, acrescido do valor destinado à composição da reserva para aposentadoria.

Sendo assim, além de contribuir regularmente com o INSS, é recomendado ao profissional autônomo poupar um percentual adicional da sua renda mensal para fins de aposentadoria e mais 8% destinados à reserva de emergência, como se fosse um FGTS. Se considerarmos uma pessoa que ganhe em média R$ 1.000,00 e que invista R$ 180,00 por mês, em menos de um ano o valor da reserva já seria superior a dois meses de salário, graças aos efeitos dos juros compostos. Esse “fundo de garantia” serviria para suprir uma eventual falta de caixa nos meses de vacas magras, como também para complementar a renda na aposentadoria.

Até que se consiga acumular o valor correspondente a seis meses das suas despesas mensais, esse dinheiro deve ser aplicado em produtos conservadores e de boa liquidez. Já para o recurso destinado à aposentadoria, as aplicações que acompanham os índices de inflação são boas opções, visto que esses títulos garantem uma rentabilidade real.

É importante frisar, contudo, que o melhor produto de investimento é aquele mais alinhado ao perfil de investidor e às metas financeiras. Neste contexto, é de suma importância que o plano de investimentos seja periodicamente reajustado, de preferência com a orientação profissional de um planejador financeiro pessoal, para garantir que a estratégia adotada esteja sempre coerente com os seus objetivos e com o cenário econômico atual.

Diego Barbosa é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). E-mail: [email protected]m

As respostas refletem as opiniões da autora, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].

Texto publicado no jornal Valor Econômico 12 de setembro de 2016

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