CDB ou previdência: qual é a melhor opção de renda fixa nesse momento?
Renda fixa: CDB ou previdência nesse momento?
Eduardo Coutinho CFP®, responde:
Dúvidas entre alternativas de investimento são comuns entre investidores. Mas isso não é um “privilégio” apenas de indivíduos. Os gestores profissionais também se deparam com situações como essas para atender seus clientes. A resposta, porém, não é automática e exige uma avaliação criteriosa antes da decisão ser tomada.
É preciso conhecer as características básicas dos instrumentos financeiros que se deseja comparar. Atributos como prazo de investimento, liquidez, tributação e, claro, o risco e o retorno esperado de cada um deles precisam ser conhecidos. Além disso, o investidor precisa ter em mente seus objetivos para que o investimento escolhido esteja em linha com eles.
Um CDB é um depósito bancário a prazo que promete ao investidor juros pré ou pós fixados. O prazo de vencimento é definido pela instituição financeira previamente e, uma vez vencido, o resgate é feio automaticamente com a cobrança do imposto de renda com alíquotas que variam entre 22,5%, para prazo de vencimento até 180 dias, a 15% para prazos superiores a 720 dias.
Dessa forma, antes de investir o investidor precisa se informar a respeito a remuneração do CDB, bem como sobre o prazo de vencimento e os riscos envolvidos. Também é importante conhecer os critérios de liquidez, uma vez que é comum a remuneração ser pior quando se resgata o título antes do vencimento.
O risco desse tipo de aplicação é o risco de crédito da instituição emissora. Esse é o risco do banco não liquidar integralmente seus compromissos nos prazos estabelecidos. Caso isso ocorra e a instituição financeira seja liquidada pelo Banco Central o investidor terá a cobertura do Fundo Garantidor do Crédito (FGC) até o limite de R$250 mil, considerando principal investido e a remuneração proporcional.
É importante destacar que apesar de haver cobertura pelo FGC e o pagamento ser geralmente rápido, há possibilidade de ele demorar. Isso ocorre quando há atraso no envio das informações da instituição liquidada ao FGC.
A previdência aberta, por sua vez, funciona sob a forma de um fundo para o qual o investidor contribui para a formação de uma reserva que pode ser resgatada de uma só vez ou de maneira diferida. Como se trata de um fundo, o investidor aplica seu dinheiro em uma carteira de investimentos e não em um único título como é o caso de um CDB. É dessa forma, aliás, que ocorre o gerenciamento de risco. Não há cobertura do FGC para os fundos.
Outro ponto importante, é que os investimentos em fundos não têm prazo de resgate a priori. Embora o investidor indique uma data alvo para começar a receber/resgatar seu benefício, esta pode ser adiada indefinidamente sem que isso impeça o investidor de efetuar resgates a qualquer momento a partir da primeira aplicação. Isso, na prática, significa que o investidor pode manter os recursos aplicados pelo tempo que desejar pagando o imposto de renda apenas no resgate na data de sua escolha. Já no CDB o resgate ocorre no vencimento do título com o respectivo recolhimento do imposto de renda.
Outra diferença importante é que os fundos cobram taxa de administração dos cotista e podem também cobrar taxa de carregamento, o que não acontece no CDB.
Agora que sabemos as diferenças básicas entre os dois instrumentos, podemos voltar a pergunta do título. Renda fixa: CDB ou previdência nesse momento?
As decisões de investimento precisam, em primeiro lugar, ser compatíveis com o perfil de risco do investidor. Ao abrirmos uma conta em uma corretora somos submetidos a uma Análise de Perfil do Investidor, mediante preenchimento de um questionário de suitability. O resultado é o enquadramento de nosso perfil de risco. Há algumas opções on-line caso o leitor queira fazer um teste. Procure investimentos compatíveis com o seu perfil.
Em segundo lugar, o investidor precisa ter claro qual é o objetivo do investimento. Ao definir esse objetivo o investidor terá condições de estabelecer um horizonte de tempo factível para alcançá-lo e com isso escolher a opção de investimento mais adequada. O perfil de investimento é muito diferente quando se trata de um planejamento de uma viagem em relação ao planejamento da aposentadoria, por exemplo.
Por fim, devemos destacar que não há fórmula mágica para escolher entre alternativas de investimento. Embora o momento possa ter influência na decisão, a escolha deve se basear em objetivos bem estabelecidos e o investidor jamais pode tomar decisões baseadas em impulso nessa esfera.
Eduardo Coutinho é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. Email: [email protected]
As respostas refletem as opiniões do autor, e não da ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.
Texto publicado na Revista Época em 30 de dezembro de 2022.