Como acompanhar as mudanças do mercado
“Qual deve ser a postura do investidor frente ao leque de alternativas do mercado financeiro?”
Diógenes Dantas, CFP®, responde:
O mercado é imenso e contempla inúmeros produtos de investimento, com as mais variadas composições. Para muitos, é algo complexo. Não bastasse isso, trata-se de um universo bastante dinâmico, o que exige do aplicador a mesma postura, tanto para não desperdiçar oportunidades como para evitar prejuízos.
Podemos dizer que qualquer evento econômico, dependendo da sua magnitude, pode afetar os investimentos. Quando, por exemplo, os governos alteram suas políticas cambial, monetária, fiscal ou de renda, causam impactos nos mercados e trazem consigo a possibilidade de formação de novos cenários. Outro exemplo é quando um país deseja impulsionar sua atividade industrial e, para isso, decide adotar uma política fiscal expansionista. Diante desse movimento, o investidor que possui ações de empresas ligadas à indústria poderá se deparar com variações incomuns em sua carteira.
Analisando os dados históricos de inflação, juros, câmbio e do mercado acionário brasileiro, percebemos uma considerável oscilação. Veja o IPCA, por exemplo. O índice acumulou em 1998 uma alta de 1,66%, saltou em 2002 para 12,53% e voltou a cair no acumulado de 2006, para 3,14%. Com isso, o investidor que acompanha o indicador mais de perto, com uma postura ativa e dinâmica, tem chances maiores de sucesso do que alguém inerte.
Neste contexto, o aplicador com perfil conservador pode, eventualmente, confundir o conceito de dinamismo com a ideia de se expor a risco maiores, quando, na verdade, significa proteção adicional. Um exemplo é um cliente conservador que investiu durante vários anos 100% de seu capital em fundos DI quando os juros estavam elevados, bem acima da inflação. Em um cenário de inflação elevada, superando os juros em alguns momentos, o poder de compra desse investidor poderia diminuir. Diante dessa nova conjuntura, ele precisaria agir.
Já alguém com perfil moderado ou arrojado pode achar que, por possuir produtos mais ousados, tem uma postura dinâmica. Trata-se de um engano. Um aplicador com 40% dos recursos alocados há anos em ações sem nunca fazer uma reavaliação da carteira pode deixar passar boas oportunidades – ou mesmo, em algum momento, colocá-la em estágio crítico.
Não importa o perfil no qual o investidor se enquadre, é possível ser dinâmico. Com a mesma velocidade em que muda, criando novos cenários, o mercado também apresenta alternativas. Por conta disso, tendem a surgir oportunidades tanto para os clientes com perfil arrojado quanto para os conservadores.
Cabe ao aplicador acompanhar com atenção essas mudanças, analisá-las e, se preciso, buscar assessoria e posicionar-se com base em suas necessidades e aspirações.
As características de um investidor dinâmico não estão ligadas somente ao perfil, mas, principalmente, à postura diante de fatos novos. Ser alguém dinâmico significa adequar-se rapidamente às constantes mudanças do mercado financeiro e, em alguns casos, até antecipar-se a elas.
É importante salientar que o tempo não pode ser um fator de exclusão da dinâmica necessária ao aplicador. Investir com horizonte de longo prazo não elimina a necessidade de reavaliar periodicamente a alocação dos recursos, fazendo os ajustes necessários. Tal exercício trará ao investidor, ao longo do tempo, mais oportunidades e proteção.
Diógenes Dantas é Planejador Financeiro Pessoal e possui a Certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]
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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 14 de janeiro de 2013