Como escolher em quais ações investir?
Marisa Dornelles, CFP®, responde:
Essa pergunta é muito oportuna, especialmente nesse momento de mudança de cenário de taxa de juros no Brasil. Até pouco tempo atrás, a taxa de juros no Brasil era alta, em torno de 14% a.a., e a maioria das pessoas considerava satisfatória a rentabilidade advinda de seus investimentos.
Com o novo cenário, cuja taxa de juros está em 5,5% a. a, ou seja, está abaixo de 50% dos 14% a.a., citada anteriormente, e com forte tendência a ficar ainda mais baixa nos próximos meses, as pessoas começaram a olhar para outros investimentos. Produtos que apresentam a possibilidade de um maior retorno no longo prazo, mesmo que, para isso, seja necessário correr um pouco mais de risco.
Neste momento, entra em cena a necessidade de as pessoas conhecerem melhor o seu Perfil de Investidor. É preciso fazer algumas perguntas: eu aceito correr mais risco nos meus investimentos para aumentar a possibilidade de obter mais retorno no longo prazo? E eu posso correr mais risco, considerando meus objetivos e horizonte de investimento? Caso a resposta para essas questões seja SIM, teremos muitas opções para diversificar a carteira de investimentos. A diversificação tem como objetivo minimizar riscos na busca de melhores retornos. E uma das opções para diversificar a carteira de investimentos é o mercado de ações.
Ações são papéis emitidos pelas empresas que representam uma fração do seu capital. Ao comprá-las, nos tornamos sócios daquela companhia. Podemos ganhar tanto com a valorização das ações, quanto com o pagamento de dividendos, que é a parcela do lucro distribuída aos acionistas. Assim como referido no parágrafo anterior, o investimento em ações apresenta maior risco, isto é, está sujeito à maior volatilidade e possibilidade de perdas.
Então vamos à pergunta que deu origem a esse artigo: como escolher em quais ações investir?
Para o investidor que está começando a investir em Renda Variável é preciso explicar que o mercado divide as ações pelo seu valor de mercado e que existem dois tipos principais: (i) ações de empresas já consolidadas, com grande valor de mercado e muito procuradas, que são conhecidas como “blue chips”. Essas ações têm maior liquidez, ou seja, são fáceis de vender na hora que o investidor quiser se desfazer dos seus papéis. (ii) já as ações de empresas com menor valor de mercado, ou empresas novas, são conhecidas como “small caps”, cuja possibilidade de valorização é maior, pois estão iniciando seu ciclo de crescimento. Destaca-se aqui que o grau de risco das “small caps” é maior e que, muitas vezes, elas podem não ter tanta liquidez, isto é, o investidor pode não encontrar um comprador com tanta rapidez, quando quiser vender seus papéis na Bolsa.
No Brasil existe uma lei (Lei nº 6404/76) que obriga todas as empresas a distribuir parte dos lucros aos acionistas, na forma de dividendos. Algumas empresas têm como característica distribuir mais dividendos do que outras. As empresas que fazem essa distribuição, de forma regular, costumam atrair muitos investidores.
Sendo assim, no momento de escolher quais ações comprar, o investidor deve levar em consideração quais são seus objetivos com o investimento. Caso seja obter maior rentabilidade, as “small caps” são uma boa opção. Agora, caso o investidor deseje montar uma carteira de ações por um prazo longo – muitas vezes para a vida toda -, e seu objetivo principal seja receber os dividendos, então ele deve estudar quais ações são melhores pagadoras de dividendos.
Outro aspecto importante na hora de escolher quais ações irão compor a carteira do investidor é conhecer um pouco os principais indicadores de cada papel. Existem relatórios específicos que analisam esses indicadores: o resultado da empresa, o momento que o setor está vivendo, o preço da ação versus o valor real da ação, os dividendos distribuídos nos últimos anos, entre tantos outros.
Para auxiliar nesta pesquisa, o investidor pode se valer do seu banco ou corretora. As Instituições Financeiras têm equipes muito preparadas, que publicam regularmente relatórios consistentes e que, além de apresentar os números das empresas, dão sugestões de carteiras de ações.
Por fim, existem outras duas opções de Renda Variável para o investidor iniciar no mundo das ações: investir através dos ETF (Exchange Traded Funds), que são fundos de índice. Eles refletem o valor das ações que compõem determinado índice. O investidor compra um único papel que representa várias ações.
Ou investir através dos Fundos de Ações, que são Fundos de investimento que aplicam em ações e são geridos por especialistas. Essa opção é especialmente interessante para quem não tem experiência ou tempo para se informar e acompanhar o Mercado de ações.
Marisa Dornelles é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.
Texto publicado no site Época Negócios em 03 de dezembro de 2019.