Como escolher fundos diante da volatilidade atual?
Analisando as lâminas de alguns fundos, percebi que, apesar de apresentarem rentabilidade muito próxima nos últimos três anos, alguns tiveram uma oscilação muito grande. De que forma isso pode afetar meus investimentos positiva ou negativamente? Tendo o mesmo resultado no período, como saber qual é o melhor para investir?
Theo Linero, CFP®, responde:
Caro leitor,
Sua pergunta reflete a dúvida de muitos investidores na hora de escolher uma solução de investimento mais adequada às suas necessidades. Essa oscilação é chamada no mercado de volatilidade e é uma medida de risco que permite comparar diferentes investimentos. Assim, dizemos que, quanto maior a oscilação, ou seja, quanto maior a volatilidade do investimento, maior também seu risco.
Esta oscilação ou volatilidade interfere na rentabilidade da sua aplicação podendo influenciar no valor que você receberá caso peça o resgate. Digamos que este investimento subiu muito em comparação ao outro de menor volatilidade, se você solicitar o resgate, receberá um valor maior do que receberia na outra opção, certo? Mas o inverso também é verdadeiro: caso o investimento tenha uma queda muito grande, em caso de resgate, o valor será inferior também.
Esse exemplo que citei anteriormente demonstra uma “regra de bolso” do mercado: quanto maior o risco, maior o retorno esperado. Espera-se que, no longo prazo, aqueles investimentos mais arriscados acumulem uma rentabilidade superior aos menos arriscados.
Por isso, saber qual melhor opção para investir dependerá também de outras duas importantes variáveis: seu perfil de investidor e seu objetivo de investimento.
Assim, a primeira pergunta a se fazer é: como você reage às oscilações desses investimentos? Qual seu apetite a riscos? De alguma forma esta oscilação te incomoda?
Para facilitar o exercício, imagine que você está acompanhando seu investimento e em um determinado dia o fundo teve rentabilidade negativa, como você se sentiria? Conseguiria ficar tranquilo e aguardar a recuperação ou iria querer resgatar tudo com receio de perder mais?
Perceba que as respostas não têm ligação alguma com a opção de investimento escolhida. A intenção é entender como você lida com o mercado. Lembre-se: a principal finalidade de qualquer investimento financeiro é lhe proporcionar tranquilidade, seja para realizar um ou vários sonhos, seja para alcançar a liberdade financeira. Por isso, é essencial que você se conheça enquanto investidor.
Já a segunda pergunta está relacionada à sua motivação para investir, tendo em vista que, a depender em quanto tempo pretende realizar seu objetivo financeiro, pode fazer sentido investir em produtos com risco maior com a intenção de buscar obter maiores retornos — importante lembrar: isso não significa promessa de rentabilidades superiores, como vimos no exemplo que você citou, tendo em vista que o resultado depende de algumas variáveis como, por exemplo, tipo de investimento, momento de mercado, gestor do fundo, se for o caso.
No entanto, é importante destacar que uma carteira de investimentos balanceada conta com a participação de investimentos de menor a maior risco, no intuito de buscar uma boa relação entre risco e retorno dos seus ativos.
Mas, para que seus planos não acabem saindo diferente do planejado, é sempre bom lembrar da importância de possuir um valor em reserva de liquidez ou reserva de emergência, aquele valor que irá ser utilizado caso algo inesperado (emergência ou oportunidade) aconteça para, então, iniciar investimentos de maior risco.
Lembrando que, neste caso, a alta liquidez é o principal aspecto a ser considerado no investimento, ou seja, conseguir utilizar o dinheiro quando precisar — assim, produtos de renda fixa pós-fixados como fundos referenciados DI, Tesouro Selic, CDBs sem carência ou mesmo a própria poupança são os mais indicados.
Theo Linero é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]
Texto publicado no jornal Valor Econômico em 15 de outubro de 2018